Desde que me tornei mãe um novo universo de emoções e relações se abriu para mim. Para além das mudanças físicas, essa nova relação que se instaurou entre eu e a Alice transformou minha visão de mundo. Mais do que a visão. Minha ação na sociedade, todos os dias.
O universo feminino muitas vezes vem marcado pela competição, onde cada mulher vê as outras como ameaça e rival. Esse pensamento, fruto de uma sociedade machista como a nossa, fragiliza ainda mais as mulheres, que já são minoria em termos de direitos e de respeito e só faz reforçar a crença de que estamos aqui única e exclusivamente para lutar pela atenção dos machos. Isso também é cultura do estupro, com tudo o que ela traz de consequências.
No que tange o contato com outras mães percebi que há dois caminhos a serem trilhados: pode-se escolher o seu ideal de "boa maternidade" e rechaçar todas as mães que não o seguem ou pode-se compreender que existem muitos caminhos e que cada uma trilha aquele possível para si. Não existe mãe perfeita, existem mães possíveis, cada uma ao seu modo.
Eu me enveredei pelo caminho da humanização e criação com apego: com livre-demanda de amamentação, sem chupeta nem nana-neném. Com o passar do tempo fui descobrindo a minha própria rigidez - fruto de uma auto-cobrança absurda que tenho - que acabava resultando na censura de mães que faziam diferente de mim. Foi um exercício importante e difícil reconhecer que existem outras verdades e que mesmo nos pilares em que acreditamos não somos perfeitas. Exemplo: eu olhava com maus olhos mães que não amamentavam. Até passar por 10 semanas de dor lancinante para amamentar e ter uma filha sugadora que ficava horas a fio no peito. Eu continuei amamentando e amamento até hoje minha pequena por acreditar que realmente isso é o melhor para ela. Mas nunca mais criticarei qualquer mãe que por qualquer que seja o motivo não amamente. Pois sei que pode ser muito difícil, apesar de lindo.
Esse é apenas um dos infinitos desafios que as mães enfrentam. Este e todos os outros me fizeram conhecer a palavra sororidade. Tive a sorte de ser convidada pela querida Dra. Vania Gato Medeiros, pediatra da minha pequena, a participar de um grupo de mães com bebês da mesma idade da Alice, e nossa, como foi importante! Pude dar e receber apoio e... pude ver mães lidando com os desafios cada uma a sua maneira. Sem julgamentos, com muita compreensão e irmandade.

Escrevo tudo isso inspirada em um caso de uma mãe conhecida que está agora com seu bebê na UTI, lutando pela vida. O nome da mãe é Ana e o nome do bebê é Tom. Este pequeno guerreiro nasceu prematuro, com apenas 1,9kg e agora está enfrentando bravamente uma broqueolite viral. Esta mãe e este pai, o Rodrigo - grandes guerreiros também, passam dia e noite no hospital com o pequeno e pedem a todos algo simples, que qualquer um pode dar, mas extremamente importante: boas energias. Pensamento positivo.
Gravei um vídeo no meu canal do Youtube sobre mentalização explicando para os leigos como fazer. Convido a para se juntarem a essa corrente. Mesmo para os céticos, pensem que nenhum mal pode trazer pensar em coisas boas.
Por um mundo com mais união e compaixão. Pois juntos somos mais fortes!