sábado, 29 de outubro de 2011

Não roube a energia de quem você ama.

Quando nos relacionamos com alguém, estabelecemos um vínculo que pode se dar de diversas maneiras. A relação pode ser mais distante e haver pouca troca, pode ser, ao contrário, profunda. Pode haver amor verdadeiro, paixão, tesão e/ou simplesmente amizade. O que infelizmente se percebe em muitos relacionamentos é que não há reciprocidade, equilíbrio em ambas as partes. Um dá mais do que recebe e inevitavelmente alguém acaba desgastado, sugado mesmo pelo outro.

Outras vezes há até reciprocidade, mas em uma relação simbiótica, isto é: os dois sugam as energias um do outro e, ao invés de se sentirem fortalecidos com o relacionamento, acontece exatamente o oposto.

Neste mês de astêya, a sugestão é: observe mais como você se relaciona com quem ama. Não onere-o(a). Não lhe roube a energia.

Quando os dois parceiros se colocam na polaridade de doar para o outro ao invés de tirar dele, a relação potencializa a energia, é saudável, colocando ambos para cima e tem muito mais chances de se manter a longo prazo.

sexta-feira, 28 de outubro de 2011

"Batatolete" da Nina

Há algumas semanas, na Federação a querida instrutora Thaís Lopes comentou que tinha comido um omelete sem ovo feito pela Nina, presidente da Federação. Todos os presentes arregalaram os olhos: como assim, omelete sem ovo?

Na verdade é mais ou menos uma batata rostí, mas fica com muita cara de omelete! Eis a minha versão da receita:

Ingredientes:
  • 1 batata média gelada, descascada e ralada
  • 1 cebola pequena ralada
  • 80g de muzzarela ralada
  • 1 tomate médio bem maduro picado
  • 6 azeitonas pretas picadas (sem caroço)
  • folhas de manjericão fresco picadas
  • sal a gosto
  • pimenta do reino a gosto
  • azeite
  • óleo para untar a panela


Modo de preparo:

A lógica é muito parecida com a de uma omelete: junto todos os ingredientes em um vasilhame (menos o óleo) e misture bem. Aqueça o óleo em uma frigideira grande (se tiver omeleteira melhor ainda) e despeje a mistura, nivelando-a. O ideal é ficar fininho, para a batata cozinhar mais rápido. Se estiver mais grosso irá demorar mais tempo para o meio ficar cozido e talvez você precise colocar mais óleo ou azeite para não grudar. Vá sempre descolando o fundo com uma espátula. Quando perceber que a parte de baixo está dourada vire da mesma maneira como faria com um omelete: se for na omeleteira, basta virar para a outra frigideira, se não use um prato ou uma tampa de panela grande, de diâmetro maior do que a frigideira que estiver usando. Deixe então o outro lado fritar, adotando o mesmo procedimento. Quando ambos os lados estiverem dourados está pronto!

Rendimento: 1 porção grande (dá tranquilamente para 2 pessoas)

Tal qual uma omelete, você pode colocar o recheio que preferir. A base é a batata, cebola, fio de azeite e um queijo para dar liga. Opção diferente e saborosa para uma dieta lacto-vegetariana!

Bom apetite!

domingo, 23 de outubro de 2011

Campanha contra a mudança no Código Florestal

A campanha conta com depoimentos de personalidades - artistas e intelectuais - e visa a conscientização da população a respeito do que representa essa mudança.



O Código foi aprovado na Câmara e agora está no Senado. Será mesmo que o nosso Governo cometerá esse crime? A imoralidade chegou a esse ponto? Não sabemos o que irá acontecer, qual será a gravidade das consequências da implantação de um código que privilegia a economia e os negócios em detrimento da vida.

Está na hora de se fazer ouvir a voz da população e esse teatro de democracia representativa deixar de ser pró-forma. É preciso agir de alguma maneira. Se estamos aqui discutindo astêya, é preciso também pensar na gravidade de se deixar ser roubado desta maneira.

Ao assistir aos vídeos da campanha o que senti foi tristeza, pois temos a impressão de sermos impotentes. Mas não somos. Queria ver se a população fosse em peso para Brasília se retratar. Na era da web 2.0 não temos desculpa: é só querer!


Para saber mais sobre a campanha e aderir ao abaixo-assinado acesse o site oficial.

sábado, 22 de outubro de 2011

Sopa muito rápida de lentilha

Essa sopa é a opção mais fácil para quem não tem tempo nem disposição. Saborosa e nutritiva, é perfeita para aquele dia em que você chegou em casa cansado depois de um dia intenso e quer algo quentinho e gostoso para forrar o estômago.

Ingredientes:

  • 500g de lentilha
  • 5 dentes de alho picado
  • Óleo (gosto do de canola)
  • Sal a gosto
  • Pimenta do reino a gosto
  • Gengibre em pó
  • Um curry de qualidade
  • Limão rosa ou Tahiti
  • Azeite (para finalizar)
Modo de preparo:

Cozinhe a lentilha com bastante água até ficar macia, mas sem se desfazer. Para acelerar o cozimento uma dica é deixá-la de molho em água bem quente por 1 hora antes de ir para a panela. Tome cuidado com a panela de pressão: lentilha é muito mais rápida que feijão e se você deixar mais de 15 minutos pode virar uma papa.
Em outra panela grande esquente o óleo - o mínimo possível - e refogue o alho até dourar. Acrescente a lentilha já cozida, o sal e a pimenta, misturando bem. Deixe ferver por 3 minutos e desligue o fogo.
Já no prato, xícara ou cumbuca, acrescente o gengibre em pó e o curry a gosto, esprema 1/2 limão por porção (se tiver pouco sumo, coloque um inteiro) e regue com azeite, misturando bem.

Sirva acompanhado de pão ou torrada. Rende 4-5 porções generosas.

Dica: Você pode congelar em porções individuais a lentilha e sempre que quiser, basta aquecer e temperar no prato/pote. Para quem mora sozinho é uma estratégia salvadora!

Bom apetite!

sexta-feira, 21 de outubro de 2011

O Eu e o Outro

Tive essa semana uma aula emocionante de Psicologia da Educação sobre Henri Wallon, tratando sobre O papel do Outro na consciência do Eu. No final da aula a querida professora Elizabeth Braga leu para nós um texto lindo, que gostaria de compartilhar aqui com vocês, para que possamos refletir sobre a natureza humana e como a ética entra nessa construção que somos.

O VELHO TEMA DO EU E DO OUTRO
 Artur da Távola

Veja se dá para entender: a gente, para a gente mesmo, é a gente. Raramente consegue ser o outro. A gente, para o outro, não é a gente, é o outro. Deve estar confuso. Tento de novo. Cada um de nós vive uma ambigüidade fundamental: ser a gente e ao mesmo tempo, ser o outro. Pra gente, a gente é a gente. Para o outro, a gente é o outro.

Temos, portanto, dois estados: ser o eu de cada um de nós e ser o outro. Na vida de relação, pois temos que saber ser o ‘eu individual’ e ao mesmo tempo, aceitar funcionar em estado de alteridade (outro vem de ‘alter’), ou seja, de ‘outro’.

O outro, raramente nos considera como a gente (como pessoa singular, peculiar, própria, única, desigual). Em geral, ele nos considera como o ‘outro’. Daí surgem os conflitos. Não apenas o outro em geral não nos considera como ‘a gente’. Também a gente não sabe aceitar, ou raramente aceita, ser tratado como ‘outro’. A gente quer ser tratado como a gente sabe que é, e não como o outro nos considera.

A gente sempre tem esperança que o outro descubra o que a gente é. Mas isso é muito difícil, porque o outro nos vê como ‘outro’ ou como qualquer projeção dele, jamais nos vê como a gente se vê ou quer ser visto ou gostaria de ser visto.

Uma relação de duas pessoas dá-se portanto, em quatro etapas: i) para Joaquim, Maria é o outro; ii) para Joaquim, Joaquim é Joaquim; iii) para Maria, Joaquim é o outro; iv) para Maria, Maria é Maria.

Mas Maria quer que Joaquim não a veja como ‘o outro’ e sim como Maria. E Joaquim não quer ser visto como ‘o outro’, ele quer ser visto como Joaquim. Mas nem Maria o vê como Joaquim (e sim como ‘o outro’), nem Joaquim a vê como Maria (e sim como ‘o outro’ na pessoa dela).

É essa a vontade de que nos vejam como individualidade que somos, o que nos leva a exigir talvez demais daqueles que se relacionam conosco. Eles talvez não estejam preparados (raramente estão) para nos ver como ‘eus’, como unidades próprias, como somos ou como queremos ser.

Exigir dos demais que nos vejam em nossa individualidade é um fato de pouca sabedoria. Raramente eles o conseguem, porque se somos ‘eu’ para nós mesmos, somos outro para eles. Em estado de ‘eudade’ (de eu), somos uma pessoa. Em estado de alteridade, somos outra pessoa.

Conseguir, sem exigir ou cobrar, porém, que o outro não nos veja como ‘o outro’ que somos para ele, mas como o ‘eu’ que somos para a gente, é ato de sabedoria. Significa saber ser nítido, saber colocar-se como pessoa e como individualidade, saber ocupar o próprio espaço sem qualquer invasão do espaço dos demais ou sem qualquer limitação do que eles são e nos agregamos, por inveja ou por admiração (coisas muito parecidas).

Para tal, é mister que saibamos ver o outro não apenas como o ‘outro’, mas como o ‘eu dele’ para ele. Mais claro: significa ver o outro como ele é, na condição de ‘eu’ ou seja, de indivíduo próprio, peculiar, semelhante sim, mas desigual e não na condição de ‘outro’, que é como ele chega até nós.

É no centro dessa relação que está a essência do problema da comunicação e da comunhão (que vem a ser a mesma coisa).

Eu devo ser ‘eu’ para mim e para o outro. O outro deve ser o ‘eu-dele’ para mim. Eu devo aceitar ser ‘o outro’ para o outro. Mas devo desejar e conseguir ser ‘eu’ para ele. Eu, em estado de ‘eu’, devo aceitá-lo como outro. Eu, em estado de ‘outro’, devo aceitá-lo como o eu dele. Eu e ele somos ao mesmo tempo ‘eu’. Eu e ele somos ao mesmo tempo ‘ele’. Ele é ‘eu’ mas também é ele. Por isso somos, ao mesmo tempo, semelhantes e diferentes. Por isso somos irmãos. Por isso a humanidade é uma só. Por isso a igualdade humana é uma verdade, na diferença individual.

E, para terminar, um outro alcance, paralelo ao principal, mas verdadeiro nas relações humanas: o outro nunca sabe direito o que ele é e representa para a gente. E a vida nos vai ensinando a ser cada vez mais sozinhos, pelo acúmulo de não correspondência daqueles que sempre nos significam algo, mas nunca o souberam ou perceberam na exata medida. Ou então, preocupados em excesso com os próprios problemas nunca atenderam ao potencial de afeto que por eles ou para eles havia em nós e foi desgastando em uso ou dispersão, já que não o souberam receber.

Às vezes esse ‘outro’ é mesmo o outro. Aí é a gente que fica com o próprio gesto de amor solto no ar à espera de aceitação, entendimento e correspondência. Em ambos os casos, dói. Mas isso já é outra crônica

Para saber se roubamos o lugar do outro no mundo, é mister o exercício de se colocar no lugar dele, sempre sabendo que não o conseguiremos totalmente. E lembrar, sempre também de que para o outro, nós é que somos o outro.

A chave dos yamas - valores de conduta das relações humanas - está nessa ao mesmo tempo simples e difícil compreensão.

terça-feira, 18 de outubro de 2011

Um banho de poesia e emoção

Há duas semanas estreou no Teatro Coletivo a peça Relicário Inventado, escrita e dirigida por Bernardo Fonseca Machado. Assisti para prestigiar o trabalho de um grande amigo e confesso que tive uma agradável surpresa: apesar de ser a primeira composição dramática deste jovem autor, a peça traz peso e consistência. A partir de muito lirismo é construído um universo de imagens que, como em sonho, revela o interior psíquico das personagens. Para além da dramaturgia, a direção e escolha de atores não parece obra de um novato.

Parabenizo aqui também o elenco e a produção, que demonstraram sinergia e comprometimento com o projeto, gerando como resultado uma obra de arte emocionante e cativante. A peça, que tem como tema a construção da memória de pessoas queridas e a elaboração da perda destas é extremamente catártica e propicia ao público uma imersão em dores humanas. Apesar da temática densa, a execução do texto foi cuidadosa para que o resultado não fosse um melodrama mexicano; tendo como resultado nyása, poesia e sutileza na medida certa. Recomendo a todos essa experiência!

sábado, 15 de outubro de 2011

Feliz dia do professor!

A etimologia da palavra sânscrita guru é: "aquele que afasta das trevas". Infelizmente no ocidente essa profissão e função social é hoje desvalorizada, paradoxalmente ao fato de se apostar o futuro da humanidade na educação. No oriente as coisas são um pouco diferentes: leia mais em no post sobre o esteriótipo de 'Guru'.

No dia de hoje podemos voltar mais nossa atenção a essa figura tão fundamental na sociedade contemporânea, com a qual todos nós temos uma relação -seja de admiração, seja de desprezo. Mesmo com condições de trabalho inadequadas, autoridade questionada o tempo todo e salários insuficientes temos uma legião de professores se formando todos os anos. Guerreiros e visionários, espero que vocês não desistam desse sonho de construir um mundo melhor através da essencial tarefa de transmitir conhecimento e aguçar a inteligência de seus alunos.

E que se reencontre a posição de respeito que merecemos. Para isso, é necessário uma reforma paradigmática na mentalidade ocidental. Impossível? Se não fizermos nada, com certeza!

Jaya Guru Shiva, Guru Harê, Guru Ram,
Jagat Guru, param Guru, Sat Guru Sham.
ÔM Ády Guru, Adwaita Guru, Ánanda Guru ÔM
Chit Guru, Chitgana Guru, Chinmaya Guru ÔM.

quinta-feira, 13 de outubro de 2011

Legumes assados com azeite e ervas

Essa receita é muito leve e saborosa, além de absurdamente simples. Perfeita para Bhúta Shuddhi ou para qualquer momento quando se queira uma alimentação leve e ao mesmo tempo energética e nutritiva.

Ingredientes:
  • Tubérculos de sua preferência: batata, batata-doce, abóbora, cenoura, mandioquinha, inhame... todos lavados e cortados em pedaços grandes. Não precisa tirar a casca.
  • Cebolas cortadas em 4 ou dentes de alho descascados.
  • Azeite
  • Ervas de sua preferência (frescas ou secas)
  • Papel alumínio para cobrir
  • Sal*
  • Aceto balsâmico* ou shoyo misturado à mel e gergelim* 
*ingredientes não utilizados para bhúta shuddhi.

Modo de preparar:

Coloque em uma assadeira grande todos os tubérculos já cortados. As proporções dos ingredientes ficam à escolha do freguês: eu particularmente adoro colocar abóbora japonesa e batata-doce em quantidade. Junte as cebolas ou dentes de alho: 1 cebola média ou 5 dentes de alho para cada 1/2 kg de tubérculos. Espalhe-os da maneira mais homogênea possível pela assadeira. Regue tudo generosamente com azeite e salpique as ervas. Alecrim, tomilho e orégano combinam bem. Se não tiver ervas frescas, boas opções secas são chimichuri mexicano ou ervas finas. Se estiver utilizando, acrescente um mínimo de sal e o aceto balsâmico. No caso de preferir o shoyo com mel deixe para coloca-lo na hora de servir.
Cubra a assadeira com papel alumínio deixando a parte mais brilhante voltada para dentro e leve ao forno pré-aquecido em temperatura média (+ou- 200 graus). O tempo dentro do forno varia entre 30 minutos e 1 hora, dependendo do seu forno e dos tubérculos escolhidos - depois de 30 minutos espete os legumes com um garfo para estipular quanto falta.

Opcional: Fica delicioso também com maçã ou tomate italiano em cubos.

Essa receita rende muito: 1 batata-doce, 1 batata, 2 cenouras e 1 cebola rendem 4 porções generosas. Sirva acompanhado de arroz, feijão, lentilha... ou o coma como prato principal!

Bom apetite!

quarta-feira, 12 de outubro de 2011

Feliz dia das crianças?

Se por um lado a infância impera em nosso mundo, ditando o ritmo da vida dos adultos, do consumo e das tendências de mercado - como estuda Philippe Ariès, por outro lado há cada vez há menos espaço para a inocência e a nova geração é marcada por uma visão desconfiada e temerosa do mundo cada vez mais precocemente.

Somos lúdicos, imersos em um universo virtual deveras poluído de estímulos sensoriais... mas somos ao mesmo tempo desencantados com o mundo e nossas expectativas de descoberta se resumem muitas vezes a um novo modelo de computador. Somos ao mesmo tempo irracionais e impulsivos no consumo, e racionalmente hipertrofiados, sem dar espaço à experiências emocionais e sensoriais mais profundas.

Por isso hoje permita-se resgatar a aventura ao mesmo tempo tão simples e tão complexa de se despojar do todos o habitus e pré-conceitos e descobrir o mundo de outra maneira. Saia de dentro da armadura moral e cultural que lhe foi vestida e, por um instante, admire-se com a beleza das coisas - não aquela pregada nas propagandas, mas aquilo que toca a essência. Ria, chore, pule e grite alto. Dance sem medo de impressionar.

Isso, para mim, é o que esse dia pode nos trazer para além de um marketing de consumo.

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Mais uma reflexão sobre astêya...

Somos espectadores do assalto de nossa sociedade todos os dias. Saúde, educação e igualdade social há muito não são tópicos politicamente interessantes de serem privilegiados. Vivemos em um país segregado, onde a cultura chega até uma parcela ínfima da população.

... por acaso assistir à corrupção explícita que ocorre na nossa política de braços cruzados não seria faltar com essa proscrição ética? O que então podemos fazer?

Quem não tiver idéia do que estou falando, leia o post anterior.

"Há os que levantam e fazem; e há os que sentam e choram".
Educador DeRose

domingo, 9 de outubro de 2011

Ladrões de futuro

Nesse mês o yama a ser colocado em pauta para reflexão é astêya - não roubar. Confesso que tive mais dificuldade de trazer-lo de maneira interessante e fugindo do lugar comum do que os outros. Isso pois a minha primeira reação ao pensar em astêya é 'imagina, isso já faço com perfeição. Eu não tenho o que trabalhar...' Bem, vamos analisar com mais calma o conceito.

Tudo bem, com exceção de alguns distúrbios psicopatológicos, é bastante arraiada em nossa cultura e moralidade a condenação ao roubo e apropriação indevida. Enquanto a mentira, dependendo do contexto é até socialmente aceita e indicada, enquanto manifestações de agressividade são consideradas necessárias em alguns casos, não vemos ninguém fazendo apologia a tirar algo dos outros ilicitamente.

Obviamente não me refiro apenas ao roubo de coisas materiais, mas também a se valer de idéias e conceitos de outrem sem permissão nem citar a fonte e inclusive roubar possibilidades, chances que você ou os outros teriam no futuro. É neste ponto que podemos refletir... eu por exemplo nunca o fiz de propósito, mas será que, sem intenção, já não passei por cima de alguém? Certamente já roubei oportunidades de mim mesma!

Para além de correção moral, para que este yama seja aplicado latu sensu devemos prestar atenção em TUDO o que poderia ser considerado roubo ou furto, mesmo que simbólico ou ideológico. As proscrições éticas do Yôga configuram os parâmetros de atitude do indivíduo para com o mundo, sempre buscando a integração saudável para todos. A pergunta em todos os yamas que sempre deve ser feita é: estamos atingindo o objetivo de boas-relações com o mundo e deste conosco? Quando efetivamente o conseguimos, torna-se muito fácil ir de encontro à parte técnica da nossa filosofia e evoluir, pois a base conceitual está sólida.

Então, vamos lá! Neste mês, foco em astêya. Coloque aqui suas impressões, críticas e depoimentos!

"Não penses no que podes perder, mas lembra-te do que queres ganhar".
Educador DeRose

quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Paradigmas

No último sábado assisti, dentro de um curso, ao filme: "A questão dos paradigmas", baseado no livro 'A Estrutura das Revoluções Científicas' de Thomas Kuhn e distribuído no Brasil pela SIAMAR. Genial. 

Impressionante como deixamos de ver as oportunidades que muitas vezes aparecem diante do nosso nariz... relacionei imediatamente com os trabalhos do sociólogo Pierre Bourdieu, a quem fui apresentada recentemente e que trata de muitos conceitos que há muito trabalhamos na perspectiva do Yôga, tais como habitus (força de influência das egrégoras que forma a maneira do indivíduo ser no mundo, ou mais diretamente, no meu entendimento, os samskáras) e o que ele chama de universo de possíveis (estão aí os paradigmas), entre outros. Estou achando bastante interessante a perspectiva sociológica por ele proposta, mas a questão é que isso está longe de ser novidade. Eis Kuhn e DeRose para comprovarem o fato.

Sobre os paradigmas, recomendo a leitura do excelente texto escrito por Ricardo Martins Costa e publicado no Blog do DeRose. Claro e ao mesmo requintado!

Uma vez que tomamos consciência de que estamos condicionados a ver somente o que e como o nosso paradigma nos permite, temos alguma possibilidade - embora mesmo assim seja difícil - de sair dele. Citando Kimi Tomizaki: 'Todos temos pré-conceitos, é fato. Mas quando nos tornamos conscientes deles estes podem parar de dominar a nossa maneira de ser'.

quarta-feira, 5 de outubro de 2011

Homenagem a Steve Jobs

No mundo feito de competição e permeado pela superficialidade em que vivemos a morte de um visionário, revolucionário e lutador é motivo de piada. Para além das disputas mercadológicas, alguém que viu a chave do sucesso na qualidade e respeito à inteligência de seu público merece nosso respeito.

Ok, sei que as piadas são para descontrair, que a vida já é muito pesada e que rir é uma maneira de lidar com as perdas (ou, eu diria, fugir delas na maioria das vezes) mas eu não consegui achar graça.

Steve: descanse. Você fez um ótimo trabalho.

domingo, 2 de outubro de 2011

MaTar Panír (मटर पनीर - ervilha com queijo)

Essa é uma receita indiana deliciosa e bem simples de se fazer. Geralmente é transliterada como Mattar Paneer, mas olhando a palavra em seu alfabeto original, devanáganí - मटर पनीर - percebe-se que tal transliteração, britânica, não induz à melhor pronúncia, motivo pelo qual não a estou adotando. O mesmo acontece com o tempero garam masálá (गरम मसाला), que geralmente é transliterado sem indicação das vogais longas. (Estudiosos de sânscrito de plantão: notem ainda que a última letra não é pronunciada, pois estamos falando hindi)


Ingredientes:

  • 1kg de tomates maduros picados
  • 2 cebolas médias picadas
  • 200g de ervilhas frescas ou congeladas
  • 100g de queijo fresco de boa qualidade cortado em cubos
  • óleo (canola, girassol, milho ou soja)
  • 1 pimenta dedo-de-moça picada
  • cominho em grão
  • 1 colher (sobremesa) de garam masálá (se não tiver use um bom curry)
  • um punhado de folhas de coentro fresco picadas
  • sal a gosto


Modo de fazer:

Se a ervilha for fresca deixe-a cozinhar ou no vapor ou em uma panela com água por cerca de 5-7 minutos. Caso esteja trabalhando com a congelada, apenas descongele-a em um pote jogando água bem quente. 

Enquanto isso aqueça em fogo alto óleo suficiente para cobrir todo o fundo de uma panela média. Acrescente o cominho em grão e deixe ele fritar exalando seu aroma. Junte então a pimenta dedo-de-moça - se você quiser o prato menos picante deve descartar as sementes - e deixe ela difundir sabor e cor no óleo. Acrescente a cebola picada e misture bem por 5-8 minutos, deixando-a secar e dourar. Nesse momento a ervilha já deve estar pronta: tire-a do fogo (no caso de tê-la cozido no vapor) e/ou escorra a água. 

Adicione então o tomate picado, mexendo bem e tampando a panela para o tomate cozinhar. Depois de cerca de 5 minutos dê uma olhada na mistura mexendo e, se necessário, acrescentando um pouco d`água - aos poucos um molho espesso deve se formar. Adicione o garam masálá (ou curry), misturando e tampando novamente, deixando cozinhar por mais 5 minutos. Junte então a ervilha à mistura, mexa por mais 1 minuto e tampe novamente a panela, deixando todos os sabores penetrarem na ervilha por uns 3 minutos. 

Salgue à gosto, experimente para ver se precisa de mais tempero, adicione o queijo em cubos - na Índia se usa um queijo caseiro chamado panír que não existe aqui. O queijo minas fresco é o que mais se assemelha a ele, mas, se desejar e tiver tempo, é fácil encontrar receitas do panír (procure 'paneer') na Internet para fazer em casa. Misture tudo delicadamente e desligue então o fogo. Se desejar, junte o coentro fresco (eu particularmente prefiro sem) e abafe. Sirva em seguida.

Pode ser acompanhado de arroz basmatí ou pullao, além de combinar perfeitamente com um bom puré de abóbora ou cenoura, ou o legume de sua preferência. Rende 5 porções.

Bom apetite!