sábado, 25 de junho de 2016

Sobre compaixão, sororidade e união: para o Tom, a Ana e o Rodrigo.

Desde que me tornei mãe um novo universo de emoções e relações se abriu para mim. Para além das mudanças físicas, essa nova relação que se instaurou entre eu e a Alice transformou minha visão de mundo. Mais do que a visão. Minha ação na sociedade, todos os dias.

O universo feminino muitas vezes vem marcado pela competição, onde cada mulher vê as outras como ameaça e rival. Esse pensamento, fruto de uma sociedade machista como a nossa, fragiliza ainda mais as mulheres, que já são minoria em termos de direitos e de respeito e só faz reforçar a crença de que estamos aqui única e exclusivamente para lutar pela atenção dos machos. Isso também é cultura do estupro, com tudo o que ela traz de consequências.

No que tange o contato com outras mães percebi que há dois caminhos a serem trilhados: pode-se escolher o seu ideal de "boa maternidade" e rechaçar todas as mães que não o seguem ou pode-se compreender que existem muitos caminhos e que cada uma trilha aquele possível para si. Não existe mãe perfeita, existem mães possíveis, cada uma ao seu modo.

Eu me enveredei pelo caminho da humanização e criação com apego: com livre-demanda de amamentação, sem chupeta nem nana-neném. Com o passar do tempo fui descobrindo a minha própria rigidez - fruto de uma auto-cobrança absurda que tenho - que acabava resultando na censura de mães que faziam diferente de mim. Foi um exercício importante e difícil reconhecer que existem outras verdades e que mesmo nos pilares em que acreditamos não somos perfeitas. Exemplo: eu olhava com maus olhos mães que não amamentavam. Até passar por 10 semanas de dor lancinante para amamentar e ter uma filha sugadora que ficava horas a fio no peito. Eu continuei amamentando e amamento até hoje minha pequena por acreditar que realmente isso é o melhor para ela. Mas nunca mais criticarei qualquer mãe que por qualquer que seja o motivo não amamente. Pois sei que pode ser muito difícil, apesar de lindo.

Esse é apenas um dos infinitos desafios que as mães enfrentam. Este e todos os outros me fizeram conhecer a palavra sororidade. Tive a sorte de ser convidada pela querida Dra. Vania Gato Medeiros, pediatra da minha pequena, a participar de um grupo de mães com bebês da mesma idade da Alice, e nossa, como foi importante! Pude dar e receber apoio e... pude ver mães lidando com os desafios cada uma a sua maneira. Sem julgamentos, com muita compreensão e irmandade.

Quando passamos pela experiência de gerar uma vida, a relação com a mortalidade muda. De imaginara dor de uma mãe que perde um filho um enorme buraco se abre em meu peito e lagrimas imediatamente inundam meus olhos. Porque é inconcebível a vida sem minha filha. E consigo perfeitamente me colocar no lugar dessa mãe. Ao mesmo tempo nós também não podemos morrer. Temos pequenos seres em formação absolutamente dependente de nós,  e nossa presença influenciará os adultos que eles se tornarão.

Escrevo tudo isso inspirada em um caso de uma mãe conhecida que está agora com seu bebê na UTI, lutando pela vida. O nome da mãe é Ana e o nome do bebê é Tom. Este pequeno guerreiro nasceu prematuro, com apenas 1,9kg e agora está enfrentando bravamente uma broqueolite viral. Esta mãe e este pai, o Rodrigo - grandes guerreiros também, passam dia e noite no hospital com o pequeno e pedem a todos algo simples, que qualquer um pode dar, mas extremamente importante: boas energias. Pensamento positivo.

Gravei um vídeo no meu canal do Youtube sobre mentalização explicando para os leigos como fazer. Convido a para se juntarem a essa corrente. Mesmo para os céticos, pensem que nenhum mal pode trazer pensar em coisas boas.



Por um mundo com mais união e compaixão. Pois juntos somos mais fortes!