terça-feira, 27 de dezembro de 2011

Guacamole DeMarino-Calderoni

Essa receita foi a síntese de alguns testes que fiz com meu querido Ricardo, em cima das versões que encontramos do clássico mexicano. Um opção diferente que encaixa bem como entradinha sem carnes nessa época festiva.

Ingredientes:
  • 1 abacate grande maduro amassado no garfo
  • 2 tomates bem vermelhinhos cortados em cubos pequenos, sem sementes
  • 1 cebola pequena ralada no ralador fino
  • Sumo de 1 ou 2 limões
  • Pimenta jalapeño/ de cheiro a gosto
  • Coentro fresco picado a gosto
  • Sal
  • Azeite
Modo de preparo:

Muito simples - misture tudo e está pronto! As dicas são: rale a cebola e pique o coentro e a pimenta na hora, para que estejam mais saborosos. Se não achar a jalapeño, que é a tradicional, a de cheiro funciona muito bem. Você pode também substituir por um bom molho de pimenta, se quiser praticidade. Vá adicionando os ingredientes que são a gosto aos poucos, sempre provando, para não errar na medida.
Se você deixar por uma horinha na geladeira antes de servir fica ainda mais gostosa.

Coma com nachos, doritos ou pão sírio.

Bom apetite!

Mais Artur da Távola

Sobre a nossa reflexão a respeito do yama do mês, compartilho mais uma crônica perfeita do Artur, que traduz o que é essência para mim.

Tempo de Estar e tempo de Ser

Eu creio que você vai me entender: a gente nem sempre é a posição em que está. Falei claro? A gente foi a posição em que está. Ao assumi-la a gente já mudou. A posição em que a gente está, é condicionada por causas temporais e passageiras. Por justa, linda e generosa que seja, a posição em que se está é sempre muito menos do que a gente é. A gente é um composto que inclui, entre tantas outras coisas, a posição em que se está. Estar é parar. Ser é avançar.

Você crê numa coisa. Toma posição ao lado dela. Faz muito bem! Mas não englobe nem comprometa todo o seu ser, pois você é muito mais rico e complexo do que a posição na qual julga ter encontrado resposta para todos os seus problemas naquele instante.

Você é, inclusive, a negação da posição em que está. Ela e a negação dela compõem o que você é. Mas, a posição em que você está precisa negar tudo o que não esteja de acordo com ela. Principalmente o ser, pois o ser é sempre mais livre. Já, estar é mais cômodo. Porque estático. Estático é a condição do que está.

Quanto menos confiança na posição em que você está, mais acirrado em sua defesa você será. Quanto mais você perceba que é muito mais do que a posição em que está, mais ameaçado por ela ficará.
Se está complicado, perdão. Se está complexo, ainda bem! Cada vez que você deixar de ser para estar, você está abrindo mão de partes suas importantes e valorosas, trocando-as por coerências aparentes, por lógicas que a nada levam.
O estar é uma categoria do ser. É possível ser sem estar. Porque ser é abrangente, é total. Não é possível, porém, estar  sem ser. O máximo que é permitido ao estar é coincidir, por vezes, com o ser. O ser pertence ao cosmos. O estar pertence ao momento. O ser é necessário. O estar é contingente.
A posição em que você está é a expressão momentânea dos seus humores, das suas necessidades e das influências que você sofreu. Passará e mudará na medida em que elas mudarem. O que você É pertence a uma ordem diversa de valores, feita dos mistérios ou verdades de sua vida; das suas partes desconhecidas; das revelações; das partes sabidas; das suas relações com o amplo, o total, o uno, o completo.
No mundo das aparências ser é menos sedutor do que estar. Estar é viver cercado de acólitos, seguidores, justificadores, beneficiários, companheiros. Ser é solitário.
Eu venho do tempo dos que estão. Dos que desistiram de ser para estar. Todos com o melhor dos propósitos e as mais elevadas teorias de solidariedade humana, mas muitos <<estando>> e poucos <<sendo>>. O tempo de quem desistiu de ser para estar gerou guerras, destruições, deixando como herança, apenas e tão-somente, uma profunda vontade de Ser: porque a gente é sempre mais do que a posição em que se está.
Eu mudo sempre. Por isso sou ALGUÉM QUE JÁ NÃO FUI. Alguém que pretende estar apenas e até onde conseguir ser. Pouco. Mas todo.

Távola escreveu estas palavras na década de 70, mas elas continuam atuais como nunca. Que elas iluminem essa passagem de ano para todos, e que assim se possa distinguir melhor a essência da contingência - ambas fundamentais, mas uma perene e outra passageira. Para a contingência cabe aparigraha. Cabe o desprendimento para a mudança. Sempre.

segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

Dizemos mais com nossas ações do que com palavras

Divulgo aqui a ótima reportagem que saiu na revista Trip sobre vegetarianismo e alimentação consciente.


Hoje em dia, com a acessibilidade que todos tem à informação, não é mais possível usar a ignorância como desculpa para a conduta. Sim, é muito difícil mudar de hábitos: nos apegamos aos nossos condicionamentos, e sair destes é estar fora da zona de conforto. Dá trabalho. Ao mesmo tempo, quando as ações deixam de ser o reflexo do que se tem como valores importantes entramos em conflito com nós mesmos.

Por mais que qualquer mudança de paradigma demande esforço, estar convicto do que se quer é uma injeção de ânimo e torna as mais complexas decisões muito simples e claras. Sem coerência com nossos valores, não conseguimos realmente ser plenos no que fazemos. Muito menos felizes.

segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

Não pare a vida.

Caros leitores do Blog da Juju;

Depois da correria de final de semestre, volto à ativa aqui no blog e os convido para a reflexão de mais uma norma ética: aparigraha - a não-possessividade. Antes de mais nada, recomendo a leitura no blog do querido colega Fabiano Gomes a respeito do assunto, a partir do link acima.

Ao falar de não-possessividade imediatamente o tema das relações amorosas vem à tona. Mas o conceito não se restringe somente a não ter a ilusão de que o corpo e afeto do parceiro é nossa propriedade. Esse é apenas o início da reflexão.

Se pararmos para pensar, a relação da maioria das pessoas com o mundo implica em sentimento de posse: amizades, objetos, obras que produzimos, dinheiro. Digo: é pura ilusão de ótica. Esse traço humano foi em muito reforçado pela sociedade moderna, capitalista e individualista, mas obviamente não surgiu agora - caso contrário não haveria a necessidade de se criar este yama há dezenas de séculos na Índia.

Recentemente tive minha carteira furtada, com cartões, cheques, documentos e boa quantidade de dinheiro. Me surpreendi com o fato de não ter ficado lamentando tanto quanto imaginaria - por mais que vá fazer falta - a perda do dinheiro. Sei que ele continuará vindo enquanto eu estiver ativa. É um fluxo, uma energia, e me prender a ele só paralisa tal processo. Mas confesso que me senti invadida, agredida - uma coisa não muda a outra. No meu caso, sinceramente, o apego às lembranças e amizades é mais difícil de lidar.

Agora pense: com o que você é mais apegado? Isso atrapalha a sua vida? Poderia ser diferente? E você o quer?

Se quiser, me responda que adorarei dialogar. Se não, guarde a reflexão e pense no assunto para si: apego paralisa!

domingo, 20 de novembro de 2011

Somos inteiros!

Muitas pessoas possuem verdadeiro pavor de ficarem sozinhas e por isso acabam muitas vezes construindo relações sem qualidade. O ser humano precisa viver em sociedade e, como aponta Freud em O mal estar na civilização, tem que confrontar seus desejos e necessidades individuais com um coletivo com o qual nunca está plenamente em harmonia, afinal, somos diferentes.

O que acaba acontecendo com grande parte das pessoas é que, acostumados ao limite em sufocar nossos impulsos individuais, tornamo-nos dependentes de um outro que é referencial para nossa auto-afirmação e afeto. O parceiro deixa de ser simplesmente alguém com quem compartilhamos a vida e passa a ser um complemento, o que não é nada saudável, pois deixamos assim de estar inteiros para sermos metades. Ora, o mito grego relatado por Aristófanes em O banquete de Platão fala que os seres humanos foram divididos em dois por Zeus, e por isso passamos a vida procurando nosso complemento. O amor, nessa perspectiva, é a falta de nossa contra-parte. Uma perspectiva de relacionamento simbiótico, onde um precisa do outro.

 O primeiro fator que gera esse tipo de ligação de dependência, esse verdadeiro vício em relacionamentos é a insegurança. Com a auto-estima baixa, precisa-se de reafirmação. O problema é que isso tende a fabricar relacionamentos possessivos, cheios de ciúmes e instabilidade, pois a base foi de carência e insegurança.

Solução que eu pessoalmente encontrei para a questão: sou uma pessoa extremamente gregária, pouco individualista e que nunca foi de curtir estar sozinha por muito tempo, mas ao constar que eu estava 'viciada' em relacionamentos... parei. Passei algum tempo - no meu caso foi pouco mais de 1 ano - sem me permitir um envolvimento profundo com ninguém, enquanto me sentia carente. No início foi difícil, mas aos poucos descobri um lado muito interessante e gostoso do silêncio e da solidão.

É isso que indico: cuidado em pular de um relacionamento para outro, se perdendo no meio do caminho. Curta-se, ame-se (sei que parece piegas, mas é isso mesmo), aprenda a se admirar e assim estar inteiro para que, ao entrar em um relacionamento, isso seja uma escolha e não uma necessidade desesperada e assim possa haver uma troca e parceria gostosa e equilibrada.

É muito ruim estar com alguém apenas para sanar carência. Não vale a pena para nenhum dos dois!

sábado, 12 de novembro de 2011

O melhor purê de abóbora do mundo

Esse é um dos acompanhamentos que mais gosto. Muito fácil e, acrescentando pequenos truques, o sabor é surpreendente.

Ingredientes:
  • 500g de abóbora japonesa (a de casca escura) cortada em pequenos pedaços e sem casca
  • 1 fio de óleo (canola ou milho)
  • 30g de manteiga
  • 1 fio de azeite
  • 1 cebola grande picada
  • 100 ml de leite
  • 1 colher (sopa) de requeijão
  • sal a gosto
  • pimenta - pode ser a preta ou uma mais picante, se desejar
  • noz moscada moída
  • coentro fresco picado ou cebolinha
Modo de preparo:

Asse a abóbora com a manteiga (cortada em pequenos pedaços e distribuída homogeneamente), uma pitada de sal e o fio de azeite em uma forma coberta com papel alumínio (parte brilhante virada para dentro), com o fogo baixo até a abóbora ficar muito macia, quase derretendo (cerca de 30 minutos). Em uma panela média-grande aqueça um fio de óleo e frite a cebola picada, deixando-a dourar levemente. Junte a abóbora assada, misturando bem para esta desfazer. Acrescente o leite, mexendo para virar um creme. Misture o requeijão e deixe-o derreter. Acrescente então a pimenta e a noz moscada - o ideal é ralar na hora - e experimente para ver se está bom de sal. Salpique o coentro ou cebolinha, misturando, e tira do fogo. Está pronto!

Rende 6-8 porções. Acompanha bem qualquer grão, torta ou legume.

Bom apetite!

quarta-feira, 9 de novembro de 2011

Ética NA e PARA a Universidade

Sobre o que vem acontecendo dentro da Universidade de São Paulo, apesar de não possuir relação direta com o Yôga, se enquadra na discussão sobre ética que tenho feito nos últimos meses, em especial nos yamas ahimsá - não-agressão e satya - não-mentir.

A violência com que foi feita a reintegração de posse da reitoria da USP foi escancarada, mas mesmo assim a grande mídia, em parceria com a Polícia Militar, optaram por fabricar uma versão mais... digerível para a população.

Sem entrar em posicionamentos políticos, é importante se ter acesso às informações para a compreensão real dos fatos. Felizmente dispomos hoje de ferramentas de comunicação que independem da grande mídia. Por isso indico os textos abaixo, como exemplos de lucidez e abertura para uma reflexão e discussão permeadas pela ética e civilidade.


Esclarecendo o caso USP (pra quem vê de fora)






É importante que quem tem acesso a informações menos fantasiosas possa divulga-las, para que nossa cidadania e atuação política deixe de ser, como muitas vezes é, apenas um direito e dever que permanecem teóricos apenas. 

segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Fugindo da banalização do corpo e do toque

Enfim escrevo sobre o yama do mês - bramácharya. Assunto difícil... sempre delicado se falar de sexualidade, sempre muito fácil de se ser mal compreendido.

Para além do que já está escrito no Código de Ética do Yôgin, gostaria de colocar aqui um pouco da minha vivência e visão sobre o tema. No momento atual há uma forte polarização no ocidente: ou a sexualidade é condenada e fortemente reprimida, ou esta é banalizada e, tornando-se um mercado, pede-se por completo a magia do que é um encontro entre seres humanos.

Recentemente chegou a mim pelas redes sociais um texto sobre 'como as mulheres sofrem quando são convidadas para um encontro romântico'. Relatava os cuidados femininos e as neuroses comuns e bastante estereotipadas, que retratam a imagem feminina da sedução X conforto/saúde. Calcinhas desconfortáveis, sapatos assassinos, dietas malucas. O que mais me incomodou não foi o texto, mas o fato de haver centenas de mulheres dizendo em comentários que se reconheciam neste retrato. Apoiando a imagem da mulher-objeto, da Barbie desesperada para causar uma 'boa impressão' em seu par por trás de uma máscara que na realidade não é ela.

Intimidade e entrega nos relacionamentos tornaram-se artigo raro. E um mundo onde se fala muito em revolução feminina, observa-se ainda muito machismo por parte das próprias mulheres. Nessa perspectiva ocorrem alguns fenômenos: para alguns, principalmente os mais religiosos, o sexo é um grande tabu, e por isso mesmo, quando ocorre há ou dificuldade de abertura e troca, ou perversão - pois o que é muito reprimido geralmente explode depois. Para outros, não há repressão, mas ao mesmo tempo deixou de haver também a valorização desta parte tão bonita e importante de nossa existência.
Passei a minha adolescência e início da juventude no meio teatral, onde a sensibilidade, emoções e o toque são ferramentas de trabalho - o ator precisa lidar com naturalidade em qualquer situação que seja colocado, seja uma cena de beijo, briga ou estupro. É atuação. O corpo é instrumento de trabalho. Percebi que, se por um lado essa cultura faz com que as pessoas tratem do assunto de maneira leve e descomplicada, por outro era claro de que havia uma dessensibilização. O toque, o carinho, o beijo, a descoberta do corpo de outrem possuem alguns rituais que, quando se perdem, fazem com que a interação se empobreça e diminua sensivelmente seu colorido.

Por isso, para mim pensar a não-dissipação da sexualidade é pensar a valorização das relações - em quantidade e qualidade: selecionando bem com quem se está e podendo estar por inteiro com o parceiro. Quem já vivenciou uma abertura, troca e entrega verdadeira e profunda de seu íntimo com a pessoa certa sabe do que eu estou falando.

domingo, 6 de novembro de 2011

Crepes franceses de trigo sarraceno

Receita ensinada pelo querido Dominique e relembrada no encarte que veio junto com minha 'crêpière' francesa (receita de Paul Bocuse).

Ingredientes:

  • 200g de farinha de trigo sarraceno
  • 50g de farinha de trigo normal
  • 1 ovo
  • 30g de manteiga
  • 500ml de água
  • 1 pitada de sal
  • óleo ou manteiga derretida para untar a panela


Modo de Preparo:

Massa:
Em um recipiente grande misture as farinhas. Adicione o ovo e a pitada de sal. Derreta a manteiga em banho-maria ou no microondas (fiz no microondas e fica perfeito). Misture bem o ovo à farinha e vá adicionando a manteiga derretida aos poucos, procurando deixar a mistura o mais homogênea possível - ira resultar uma massa bem seca, que esfarela. Adicione então a água gradualmente, sempre misturando energicamente para não empelotar, até adquirir a consistência de um creme líquido. Deixe então descansar por de 2 a 3 horas. Se demorar muito mais do que isso, talvez esteja um pouco espesso - adicione então um pouco de água ou cerveja.

Crepe:
Aqueça uma frigideira bem grande ou, melhor, uma panela de crepes (crêpière). Com a ajuda de papel toalha preso à ponta de uma colher, unte a superfície quente com manteiga derretida ou óleo. É importante que a panela esteja muito quente para formar o disco do crepe. Coloque uma pequena quantidade da massa no centro da frigideira e rapidamente espalhe-a para que o disco fique bem fino, girando a panela em movimentos circulares, ou caso disponha de uma espátula específica para isso, use-a girando-a sobre a massa. Vire o disco para dourar o outro lado. Você pode nesse momento já colocar o recheio de sua preferência ou então reservar a massa, empilhando os crepes em um prato para usar até no máximo em dois dias.
pallete - espátula de crepe
Quando for colocar o recheio, não exagere na quantidade: o ideal é preencher apenas metade do disco com uma camada fina de recheio. Deixe-o esquentar por um minuto - a massa precisa ficar um pouco mais dura, para não desmontar na hora de virar - e dobre a massa sobre ele, cuidadosamente virando o crepe, com a ajuda de uma espátula. Coloque no prato, se quiser, cubra com o molho de sua preferência e sirva imediatamente.

Uma receita rende cerca de 15 discos, dependendo da espessura e diâmetro. Algumas sugestões de recheio que fiz e ficaram ótimas: palmito picado com requeijão, béchamel ao funghi (quem quiser eu passo a receita), tomate, muzzarela de búfala e manjericão - podem levar molho vermelho ou branco em cima. Para os doces: morango com chocolate, banana com canela e açúcar e Romeu e Julieta. Esses são os que eu fiz no primeiro teste, mas você pode criar o recheio que preferir. Depois, se quiser, me conte!

Bom apetite!


sábado, 5 de novembro de 2011

Reportagem sobre a proibição do vegetarianismo na França

Gente, esse mês focalizarei a discussão do yama bramácharya, mas antes não tenho como não comentar um artigo que acabo de ler:
http://cantinhovegetariano.blogspot.com/2011/11/governo-frances-proibe-vegetarianismo.html

Estou efetivamente chocada. Em um país livre, democrático, onde se levanta tão fortemente a bandeira da isonomia... se obriga àqueles mais consciente a comer o que não querem! Vou pesquisar mais, mas deixo o link do artigo desde já disponível e a possibilidade de debate aberto.

sábado, 29 de outubro de 2011

Não roube a energia de quem você ama.

Quando nos relacionamos com alguém, estabelecemos um vínculo que pode se dar de diversas maneiras. A relação pode ser mais distante e haver pouca troca, pode ser, ao contrário, profunda. Pode haver amor verdadeiro, paixão, tesão e/ou simplesmente amizade. O que infelizmente se percebe em muitos relacionamentos é que não há reciprocidade, equilíbrio em ambas as partes. Um dá mais do que recebe e inevitavelmente alguém acaba desgastado, sugado mesmo pelo outro.

Outras vezes há até reciprocidade, mas em uma relação simbiótica, isto é: os dois sugam as energias um do outro e, ao invés de se sentirem fortalecidos com o relacionamento, acontece exatamente o oposto.

Neste mês de astêya, a sugestão é: observe mais como você se relaciona com quem ama. Não onere-o(a). Não lhe roube a energia.

Quando os dois parceiros se colocam na polaridade de doar para o outro ao invés de tirar dele, a relação potencializa a energia, é saudável, colocando ambos para cima e tem muito mais chances de se manter a longo prazo.

sexta-feira, 28 de outubro de 2011

"Batatolete" da Nina

Há algumas semanas, na Federação a querida instrutora Thaís Lopes comentou que tinha comido um omelete sem ovo feito pela Nina, presidente da Federação. Todos os presentes arregalaram os olhos: como assim, omelete sem ovo?

Na verdade é mais ou menos uma batata rostí, mas fica com muita cara de omelete! Eis a minha versão da receita:

Ingredientes:
  • 1 batata média gelada, descascada e ralada
  • 1 cebola pequena ralada
  • 80g de muzzarela ralada
  • 1 tomate médio bem maduro picado
  • 6 azeitonas pretas picadas (sem caroço)
  • folhas de manjericão fresco picadas
  • sal a gosto
  • pimenta do reino a gosto
  • azeite
  • óleo para untar a panela


Modo de preparo:

A lógica é muito parecida com a de uma omelete: junto todos os ingredientes em um vasilhame (menos o óleo) e misture bem. Aqueça o óleo em uma frigideira grande (se tiver omeleteira melhor ainda) e despeje a mistura, nivelando-a. O ideal é ficar fininho, para a batata cozinhar mais rápido. Se estiver mais grosso irá demorar mais tempo para o meio ficar cozido e talvez você precise colocar mais óleo ou azeite para não grudar. Vá sempre descolando o fundo com uma espátula. Quando perceber que a parte de baixo está dourada vire da mesma maneira como faria com um omelete: se for na omeleteira, basta virar para a outra frigideira, se não use um prato ou uma tampa de panela grande, de diâmetro maior do que a frigideira que estiver usando. Deixe então o outro lado fritar, adotando o mesmo procedimento. Quando ambos os lados estiverem dourados está pronto!

Rendimento: 1 porção grande (dá tranquilamente para 2 pessoas)

Tal qual uma omelete, você pode colocar o recheio que preferir. A base é a batata, cebola, fio de azeite e um queijo para dar liga. Opção diferente e saborosa para uma dieta lacto-vegetariana!

Bom apetite!

domingo, 23 de outubro de 2011

Campanha contra a mudança no Código Florestal

A campanha conta com depoimentos de personalidades - artistas e intelectuais - e visa a conscientização da população a respeito do que representa essa mudança.



O Código foi aprovado na Câmara e agora está no Senado. Será mesmo que o nosso Governo cometerá esse crime? A imoralidade chegou a esse ponto? Não sabemos o que irá acontecer, qual será a gravidade das consequências da implantação de um código que privilegia a economia e os negócios em detrimento da vida.

Está na hora de se fazer ouvir a voz da população e esse teatro de democracia representativa deixar de ser pró-forma. É preciso agir de alguma maneira. Se estamos aqui discutindo astêya, é preciso também pensar na gravidade de se deixar ser roubado desta maneira.

Ao assistir aos vídeos da campanha o que senti foi tristeza, pois temos a impressão de sermos impotentes. Mas não somos. Queria ver se a população fosse em peso para Brasília se retratar. Na era da web 2.0 não temos desculpa: é só querer!


Para saber mais sobre a campanha e aderir ao abaixo-assinado acesse o site oficial.

sábado, 22 de outubro de 2011

Sopa muito rápida de lentilha

Essa sopa é a opção mais fácil para quem não tem tempo nem disposição. Saborosa e nutritiva, é perfeita para aquele dia em que você chegou em casa cansado depois de um dia intenso e quer algo quentinho e gostoso para forrar o estômago.

Ingredientes:

  • 500g de lentilha
  • 5 dentes de alho picado
  • Óleo (gosto do de canola)
  • Sal a gosto
  • Pimenta do reino a gosto
  • Gengibre em pó
  • Um curry de qualidade
  • Limão rosa ou Tahiti
  • Azeite (para finalizar)
Modo de preparo:

Cozinhe a lentilha com bastante água até ficar macia, mas sem se desfazer. Para acelerar o cozimento uma dica é deixá-la de molho em água bem quente por 1 hora antes de ir para a panela. Tome cuidado com a panela de pressão: lentilha é muito mais rápida que feijão e se você deixar mais de 15 minutos pode virar uma papa.
Em outra panela grande esquente o óleo - o mínimo possível - e refogue o alho até dourar. Acrescente a lentilha já cozida, o sal e a pimenta, misturando bem. Deixe ferver por 3 minutos e desligue o fogo.
Já no prato, xícara ou cumbuca, acrescente o gengibre em pó e o curry a gosto, esprema 1/2 limão por porção (se tiver pouco sumo, coloque um inteiro) e regue com azeite, misturando bem.

Sirva acompanhado de pão ou torrada. Rende 4-5 porções generosas.

Dica: Você pode congelar em porções individuais a lentilha e sempre que quiser, basta aquecer e temperar no prato/pote. Para quem mora sozinho é uma estratégia salvadora!

Bom apetite!

sexta-feira, 21 de outubro de 2011

O Eu e o Outro

Tive essa semana uma aula emocionante de Psicologia da Educação sobre Henri Wallon, tratando sobre O papel do Outro na consciência do Eu. No final da aula a querida professora Elizabeth Braga leu para nós um texto lindo, que gostaria de compartilhar aqui com vocês, para que possamos refletir sobre a natureza humana e como a ética entra nessa construção que somos.

O VELHO TEMA DO EU E DO OUTRO
 Artur da Távola

Veja se dá para entender: a gente, para a gente mesmo, é a gente. Raramente consegue ser o outro. A gente, para o outro, não é a gente, é o outro. Deve estar confuso. Tento de novo. Cada um de nós vive uma ambigüidade fundamental: ser a gente e ao mesmo tempo, ser o outro. Pra gente, a gente é a gente. Para o outro, a gente é o outro.

Temos, portanto, dois estados: ser o eu de cada um de nós e ser o outro. Na vida de relação, pois temos que saber ser o ‘eu individual’ e ao mesmo tempo, aceitar funcionar em estado de alteridade (outro vem de ‘alter’), ou seja, de ‘outro’.

O outro, raramente nos considera como a gente (como pessoa singular, peculiar, própria, única, desigual). Em geral, ele nos considera como o ‘outro’. Daí surgem os conflitos. Não apenas o outro em geral não nos considera como ‘a gente’. Também a gente não sabe aceitar, ou raramente aceita, ser tratado como ‘outro’. A gente quer ser tratado como a gente sabe que é, e não como o outro nos considera.

A gente sempre tem esperança que o outro descubra o que a gente é. Mas isso é muito difícil, porque o outro nos vê como ‘outro’ ou como qualquer projeção dele, jamais nos vê como a gente se vê ou quer ser visto ou gostaria de ser visto.

Uma relação de duas pessoas dá-se portanto, em quatro etapas: i) para Joaquim, Maria é o outro; ii) para Joaquim, Joaquim é Joaquim; iii) para Maria, Joaquim é o outro; iv) para Maria, Maria é Maria.

Mas Maria quer que Joaquim não a veja como ‘o outro’ e sim como Maria. E Joaquim não quer ser visto como ‘o outro’, ele quer ser visto como Joaquim. Mas nem Maria o vê como Joaquim (e sim como ‘o outro’), nem Joaquim a vê como Maria (e sim como ‘o outro’ na pessoa dela).

É essa a vontade de que nos vejam como individualidade que somos, o que nos leva a exigir talvez demais daqueles que se relacionam conosco. Eles talvez não estejam preparados (raramente estão) para nos ver como ‘eus’, como unidades próprias, como somos ou como queremos ser.

Exigir dos demais que nos vejam em nossa individualidade é um fato de pouca sabedoria. Raramente eles o conseguem, porque se somos ‘eu’ para nós mesmos, somos outro para eles. Em estado de ‘eudade’ (de eu), somos uma pessoa. Em estado de alteridade, somos outra pessoa.

Conseguir, sem exigir ou cobrar, porém, que o outro não nos veja como ‘o outro’ que somos para ele, mas como o ‘eu’ que somos para a gente, é ato de sabedoria. Significa saber ser nítido, saber colocar-se como pessoa e como individualidade, saber ocupar o próprio espaço sem qualquer invasão do espaço dos demais ou sem qualquer limitação do que eles são e nos agregamos, por inveja ou por admiração (coisas muito parecidas).

Para tal, é mister que saibamos ver o outro não apenas como o ‘outro’, mas como o ‘eu dele’ para ele. Mais claro: significa ver o outro como ele é, na condição de ‘eu’ ou seja, de indivíduo próprio, peculiar, semelhante sim, mas desigual e não na condição de ‘outro’, que é como ele chega até nós.

É no centro dessa relação que está a essência do problema da comunicação e da comunhão (que vem a ser a mesma coisa).

Eu devo ser ‘eu’ para mim e para o outro. O outro deve ser o ‘eu-dele’ para mim. Eu devo aceitar ser ‘o outro’ para o outro. Mas devo desejar e conseguir ser ‘eu’ para ele. Eu, em estado de ‘eu’, devo aceitá-lo como outro. Eu, em estado de ‘outro’, devo aceitá-lo como o eu dele. Eu e ele somos ao mesmo tempo ‘eu’. Eu e ele somos ao mesmo tempo ‘ele’. Ele é ‘eu’ mas também é ele. Por isso somos, ao mesmo tempo, semelhantes e diferentes. Por isso somos irmãos. Por isso a humanidade é uma só. Por isso a igualdade humana é uma verdade, na diferença individual.

E, para terminar, um outro alcance, paralelo ao principal, mas verdadeiro nas relações humanas: o outro nunca sabe direito o que ele é e representa para a gente. E a vida nos vai ensinando a ser cada vez mais sozinhos, pelo acúmulo de não correspondência daqueles que sempre nos significam algo, mas nunca o souberam ou perceberam na exata medida. Ou então, preocupados em excesso com os próprios problemas nunca atenderam ao potencial de afeto que por eles ou para eles havia em nós e foi desgastando em uso ou dispersão, já que não o souberam receber.

Às vezes esse ‘outro’ é mesmo o outro. Aí é a gente que fica com o próprio gesto de amor solto no ar à espera de aceitação, entendimento e correspondência. Em ambos os casos, dói. Mas isso já é outra crônica

Para saber se roubamos o lugar do outro no mundo, é mister o exercício de se colocar no lugar dele, sempre sabendo que não o conseguiremos totalmente. E lembrar, sempre também de que para o outro, nós é que somos o outro.

A chave dos yamas - valores de conduta das relações humanas - está nessa ao mesmo tempo simples e difícil compreensão.

terça-feira, 18 de outubro de 2011

Um banho de poesia e emoção

Há duas semanas estreou no Teatro Coletivo a peça Relicário Inventado, escrita e dirigida por Bernardo Fonseca Machado. Assisti para prestigiar o trabalho de um grande amigo e confesso que tive uma agradável surpresa: apesar de ser a primeira composição dramática deste jovem autor, a peça traz peso e consistência. A partir de muito lirismo é construído um universo de imagens que, como em sonho, revela o interior psíquico das personagens. Para além da dramaturgia, a direção e escolha de atores não parece obra de um novato.

Parabenizo aqui também o elenco e a produção, que demonstraram sinergia e comprometimento com o projeto, gerando como resultado uma obra de arte emocionante e cativante. A peça, que tem como tema a construção da memória de pessoas queridas e a elaboração da perda destas é extremamente catártica e propicia ao público uma imersão em dores humanas. Apesar da temática densa, a execução do texto foi cuidadosa para que o resultado não fosse um melodrama mexicano; tendo como resultado nyása, poesia e sutileza na medida certa. Recomendo a todos essa experiência!

sábado, 15 de outubro de 2011

Feliz dia do professor!

A etimologia da palavra sânscrita guru é: "aquele que afasta das trevas". Infelizmente no ocidente essa profissão e função social é hoje desvalorizada, paradoxalmente ao fato de se apostar o futuro da humanidade na educação. No oriente as coisas são um pouco diferentes: leia mais em no post sobre o esteriótipo de 'Guru'.

No dia de hoje podemos voltar mais nossa atenção a essa figura tão fundamental na sociedade contemporânea, com a qual todos nós temos uma relação -seja de admiração, seja de desprezo. Mesmo com condições de trabalho inadequadas, autoridade questionada o tempo todo e salários insuficientes temos uma legião de professores se formando todos os anos. Guerreiros e visionários, espero que vocês não desistam desse sonho de construir um mundo melhor através da essencial tarefa de transmitir conhecimento e aguçar a inteligência de seus alunos.

E que se reencontre a posição de respeito que merecemos. Para isso, é necessário uma reforma paradigmática na mentalidade ocidental. Impossível? Se não fizermos nada, com certeza!

Jaya Guru Shiva, Guru Harê, Guru Ram,
Jagat Guru, param Guru, Sat Guru Sham.
ÔM Ády Guru, Adwaita Guru, Ánanda Guru ÔM
Chit Guru, Chitgana Guru, Chinmaya Guru ÔM.

quinta-feira, 13 de outubro de 2011

Legumes assados com azeite e ervas

Essa receita é muito leve e saborosa, além de absurdamente simples. Perfeita para Bhúta Shuddhi ou para qualquer momento quando se queira uma alimentação leve e ao mesmo tempo energética e nutritiva.

Ingredientes:
  • Tubérculos de sua preferência: batata, batata-doce, abóbora, cenoura, mandioquinha, inhame... todos lavados e cortados em pedaços grandes. Não precisa tirar a casca.
  • Cebolas cortadas em 4 ou dentes de alho descascados.
  • Azeite
  • Ervas de sua preferência (frescas ou secas)
  • Papel alumínio para cobrir
  • Sal*
  • Aceto balsâmico* ou shoyo misturado à mel e gergelim* 
*ingredientes não utilizados para bhúta shuddhi.

Modo de preparar:

Coloque em uma assadeira grande todos os tubérculos já cortados. As proporções dos ingredientes ficam à escolha do freguês: eu particularmente adoro colocar abóbora japonesa e batata-doce em quantidade. Junte as cebolas ou dentes de alho: 1 cebola média ou 5 dentes de alho para cada 1/2 kg de tubérculos. Espalhe-os da maneira mais homogênea possível pela assadeira. Regue tudo generosamente com azeite e salpique as ervas. Alecrim, tomilho e orégano combinam bem. Se não tiver ervas frescas, boas opções secas são chimichuri mexicano ou ervas finas. Se estiver utilizando, acrescente um mínimo de sal e o aceto balsâmico. No caso de preferir o shoyo com mel deixe para coloca-lo na hora de servir.
Cubra a assadeira com papel alumínio deixando a parte mais brilhante voltada para dentro e leve ao forno pré-aquecido em temperatura média (+ou- 200 graus). O tempo dentro do forno varia entre 30 minutos e 1 hora, dependendo do seu forno e dos tubérculos escolhidos - depois de 30 minutos espete os legumes com um garfo para estipular quanto falta.

Opcional: Fica delicioso também com maçã ou tomate italiano em cubos.

Essa receita rende muito: 1 batata-doce, 1 batata, 2 cenouras e 1 cebola rendem 4 porções generosas. Sirva acompanhado de arroz, feijão, lentilha... ou o coma como prato principal!

Bom apetite!

quarta-feira, 12 de outubro de 2011

Feliz dia das crianças?

Se por um lado a infância impera em nosso mundo, ditando o ritmo da vida dos adultos, do consumo e das tendências de mercado - como estuda Philippe Ariès, por outro lado há cada vez há menos espaço para a inocência e a nova geração é marcada por uma visão desconfiada e temerosa do mundo cada vez mais precocemente.

Somos lúdicos, imersos em um universo virtual deveras poluído de estímulos sensoriais... mas somos ao mesmo tempo desencantados com o mundo e nossas expectativas de descoberta se resumem muitas vezes a um novo modelo de computador. Somos ao mesmo tempo irracionais e impulsivos no consumo, e racionalmente hipertrofiados, sem dar espaço à experiências emocionais e sensoriais mais profundas.

Por isso hoje permita-se resgatar a aventura ao mesmo tempo tão simples e tão complexa de se despojar do todos o habitus e pré-conceitos e descobrir o mundo de outra maneira. Saia de dentro da armadura moral e cultural que lhe foi vestida e, por um instante, admire-se com a beleza das coisas - não aquela pregada nas propagandas, mas aquilo que toca a essência. Ria, chore, pule e grite alto. Dance sem medo de impressionar.

Isso, para mim, é o que esse dia pode nos trazer para além de um marketing de consumo.

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Mais uma reflexão sobre astêya...

Somos espectadores do assalto de nossa sociedade todos os dias. Saúde, educação e igualdade social há muito não são tópicos politicamente interessantes de serem privilegiados. Vivemos em um país segregado, onde a cultura chega até uma parcela ínfima da população.

... por acaso assistir à corrupção explícita que ocorre na nossa política de braços cruzados não seria faltar com essa proscrição ética? O que então podemos fazer?

Quem não tiver idéia do que estou falando, leia o post anterior.

"Há os que levantam e fazem; e há os que sentam e choram".
Educador DeRose

domingo, 9 de outubro de 2011

Ladrões de futuro

Nesse mês o yama a ser colocado em pauta para reflexão é astêya - não roubar. Confesso que tive mais dificuldade de trazer-lo de maneira interessante e fugindo do lugar comum do que os outros. Isso pois a minha primeira reação ao pensar em astêya é 'imagina, isso já faço com perfeição. Eu não tenho o que trabalhar...' Bem, vamos analisar com mais calma o conceito.

Tudo bem, com exceção de alguns distúrbios psicopatológicos, é bastante arraiada em nossa cultura e moralidade a condenação ao roubo e apropriação indevida. Enquanto a mentira, dependendo do contexto é até socialmente aceita e indicada, enquanto manifestações de agressividade são consideradas necessárias em alguns casos, não vemos ninguém fazendo apologia a tirar algo dos outros ilicitamente.

Obviamente não me refiro apenas ao roubo de coisas materiais, mas também a se valer de idéias e conceitos de outrem sem permissão nem citar a fonte e inclusive roubar possibilidades, chances que você ou os outros teriam no futuro. É neste ponto que podemos refletir... eu por exemplo nunca o fiz de propósito, mas será que, sem intenção, já não passei por cima de alguém? Certamente já roubei oportunidades de mim mesma!

Para além de correção moral, para que este yama seja aplicado latu sensu devemos prestar atenção em TUDO o que poderia ser considerado roubo ou furto, mesmo que simbólico ou ideológico. As proscrições éticas do Yôga configuram os parâmetros de atitude do indivíduo para com o mundo, sempre buscando a integração saudável para todos. A pergunta em todos os yamas que sempre deve ser feita é: estamos atingindo o objetivo de boas-relações com o mundo e deste conosco? Quando efetivamente o conseguimos, torna-se muito fácil ir de encontro à parte técnica da nossa filosofia e evoluir, pois a base conceitual está sólida.

Então, vamos lá! Neste mês, foco em astêya. Coloque aqui suas impressões, críticas e depoimentos!

"Não penses no que podes perder, mas lembra-te do que queres ganhar".
Educador DeRose

quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Paradigmas

No último sábado assisti, dentro de um curso, ao filme: "A questão dos paradigmas", baseado no livro 'A Estrutura das Revoluções Científicas' de Thomas Kuhn e distribuído no Brasil pela SIAMAR. Genial. 

Impressionante como deixamos de ver as oportunidades que muitas vezes aparecem diante do nosso nariz... relacionei imediatamente com os trabalhos do sociólogo Pierre Bourdieu, a quem fui apresentada recentemente e que trata de muitos conceitos que há muito trabalhamos na perspectiva do Yôga, tais como habitus (força de influência das egrégoras que forma a maneira do indivíduo ser no mundo, ou mais diretamente, no meu entendimento, os samskáras) e o que ele chama de universo de possíveis (estão aí os paradigmas), entre outros. Estou achando bastante interessante a perspectiva sociológica por ele proposta, mas a questão é que isso está longe de ser novidade. Eis Kuhn e DeRose para comprovarem o fato.

Sobre os paradigmas, recomendo a leitura do excelente texto escrito por Ricardo Martins Costa e publicado no Blog do DeRose. Claro e ao mesmo requintado!

Uma vez que tomamos consciência de que estamos condicionados a ver somente o que e como o nosso paradigma nos permite, temos alguma possibilidade - embora mesmo assim seja difícil - de sair dele. Citando Kimi Tomizaki: 'Todos temos pré-conceitos, é fato. Mas quando nos tornamos conscientes deles estes podem parar de dominar a nossa maneira de ser'.

quarta-feira, 5 de outubro de 2011

Homenagem a Steve Jobs

No mundo feito de competição e permeado pela superficialidade em que vivemos a morte de um visionário, revolucionário e lutador é motivo de piada. Para além das disputas mercadológicas, alguém que viu a chave do sucesso na qualidade e respeito à inteligência de seu público merece nosso respeito.

Ok, sei que as piadas são para descontrair, que a vida já é muito pesada e que rir é uma maneira de lidar com as perdas (ou, eu diria, fugir delas na maioria das vezes) mas eu não consegui achar graça.

Steve: descanse. Você fez um ótimo trabalho.

domingo, 2 de outubro de 2011

MaTar Panír (मटर पनीर - ervilha com queijo)

Essa é uma receita indiana deliciosa e bem simples de se fazer. Geralmente é transliterada como Mattar Paneer, mas olhando a palavra em seu alfabeto original, devanáganí - मटर पनीर - percebe-se que tal transliteração, britânica, não induz à melhor pronúncia, motivo pelo qual não a estou adotando. O mesmo acontece com o tempero garam masálá (गरम मसाला), que geralmente é transliterado sem indicação das vogais longas. (Estudiosos de sânscrito de plantão: notem ainda que a última letra não é pronunciada, pois estamos falando hindi)


Ingredientes:

  • 1kg de tomates maduros picados
  • 2 cebolas médias picadas
  • 200g de ervilhas frescas ou congeladas
  • 100g de queijo fresco de boa qualidade cortado em cubos
  • óleo (canola, girassol, milho ou soja)
  • 1 pimenta dedo-de-moça picada
  • cominho em grão
  • 1 colher (sobremesa) de garam masálá (se não tiver use um bom curry)
  • um punhado de folhas de coentro fresco picadas
  • sal a gosto


Modo de fazer:

Se a ervilha for fresca deixe-a cozinhar ou no vapor ou em uma panela com água por cerca de 5-7 minutos. Caso esteja trabalhando com a congelada, apenas descongele-a em um pote jogando água bem quente. 

Enquanto isso aqueça em fogo alto óleo suficiente para cobrir todo o fundo de uma panela média. Acrescente o cominho em grão e deixe ele fritar exalando seu aroma. Junte então a pimenta dedo-de-moça - se você quiser o prato menos picante deve descartar as sementes - e deixe ela difundir sabor e cor no óleo. Acrescente a cebola picada e misture bem por 5-8 minutos, deixando-a secar e dourar. Nesse momento a ervilha já deve estar pronta: tire-a do fogo (no caso de tê-la cozido no vapor) e/ou escorra a água. 

Adicione então o tomate picado, mexendo bem e tampando a panela para o tomate cozinhar. Depois de cerca de 5 minutos dê uma olhada na mistura mexendo e, se necessário, acrescentando um pouco d`água - aos poucos um molho espesso deve se formar. Adicione o garam masálá (ou curry), misturando e tampando novamente, deixando cozinhar por mais 5 minutos. Junte então a ervilha à mistura, mexa por mais 1 minuto e tampe novamente a panela, deixando todos os sabores penetrarem na ervilha por uns 3 minutos. 

Salgue à gosto, experimente para ver se precisa de mais tempero, adicione o queijo em cubos - na Índia se usa um queijo caseiro chamado panír que não existe aqui. O queijo minas fresco é o que mais se assemelha a ele, mas, se desejar e tiver tempo, é fácil encontrar receitas do panír (procure 'paneer') na Internet para fazer em casa. Misture tudo delicadamente e desligue então o fogo. Se desejar, junte o coentro fresco (eu particularmente prefiro sem) e abafe. Sirva em seguida.

Pode ser acompanhado de arroz basmatí ou pullao, além de combinar perfeitamente com um bom puré de abóbora ou cenoura, ou o legume de sua preferência. Rende 5 porções.

Bom apetite!

sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Autenticidade: em extinção?

Essa semana ouvi do professor da Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo, Jaime Cordeiro: 'criatividade é para poucos. Não é preciso ser criativo para ser bem-sucedido'. Nessa mesma aula lemos um texto onde era debatida a importância de se ter jogo de cintura e capacidade de improvisação no ambiente profissional, sendo esse traquejo muitas vezes mais importante do que a própria habilidade técnica e conhecimento específico para aquele campo. Pois bem, e aí? Improvisar sem ser criativo?

No contexto de renovação informacional cada vez mais acelerado em que vivemos é evidente que precisamos sim ser flexíveis e sabermos lidar com o imprevisto. Ditadura da criatividade? Não acho que seja isso também. Mas há que se ter, certamente, inteligência emocional e agilidade. O que sinto falta não é necessariamente de pessoas criativas, mais de mais autenticidade.

Hoje nada se cria, tudo se copia. E a cultura vai ficando cada vez mais rasa, com um monte de gente que sabe um pouco de tudo, mas nada aprofundado. Conhecimento de Internet. E olha, com isso não estou condenando a Wikipédia; como outra professora da FEUSP, Kimi Tomizaki, disse hoje e assino embaixo, é uma boa ferramenta de democratização do conhecimento. Mas não se pode parar nela.

Não é por acaso que não copio nenhum texto, nenhuma receita nesse blog. Posso, claro, fazer uma citação, mas gerar conteúdo vazio, que pode ser conseguido facilmente e de maneira idêntica, pra quê? Para mim isso é desonestidade. O que escrevo aqui sou EU. E o que considero uma contribuição profícua para a vida de quem me lê.

Escrevo esse post encerrando a reflexão do yama do mês - satya e aproveitando para fazer esse desabafo. A maioria das pessoas veste uma imagem que não lhe cabe, estando sempre em um conflito entre o que é e o que parece. É claro que precisamos de proteções e não há como se viver sem uma pitada de malícia. Melhor dizendo: precisamos sim ter leitura de ambiente e ser você mesmo não significa enfiar suas opiniões na goela dos outros à força. Mas a maioria está posicionada do lado oposto: há muita insegurança, medo de não se ser aceito.

Nos colocarmos de maneira pertinente e sermos nós mesmos, estando por inteiro nas relações - sejam essas profissionais ou afetivas - é a única maneira de deixar uma real contribuição para a sociedade.

quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Aplicando desintoxicação emocional e ética

O nome dela é Conceição. Uma moça de trinta e poucos, quatro filhos e um neto. Bonita, cheia de energia e muito simpática - fica evidente pelas suas ações que quer me agradar e fazer tudo da melhor maneira. Mas Conceição não me conhece - me viu duas vezes apenas. Na primeira vez chegou em casa umas 8h da manhã e passamos a manhã inteira juntas. Expliquei tintim por tintim o que e como eu queria que ela fizesse. Falei o quão importante era pra mim que tivesse cuidado com minhas coisas e com o ambiente que estou construindo aos poucos com tanto carinho e apreço. Ela ouvia atenta, sempre concordando. Disse, por exemplo, que era muito importante que todos que entrassem chegassem tirassem os sapatos na entrada, que eu tenho tapetes que precisam de cuidados específicos e as pantufas estão no meu Hall para serem utilizadas. 

Saí depois do almoço e sabia que quando retornasse ela não estaria mais lá. Quando cheguei a primeira reação foi a de se sentir invadida: as coisas fora de lugar, a calça com marcas do ferro, a panela wok que eu tanto gosto enfiada dentro do forno e com o tefal arranhado entre mil outras coisinhas... "Júlia, respira!"

Estou há alguns meses vivendo pela primeira vez a rica experiência de morar sozinha. Recomendo a todos: aprendo cada dia mais sobre mim mesma, rotina, emoções, organização e maneiras maduras e saudáveis de estar no mundo. Só que esse processo passa por períodos de dificuldades e muita aprendizagem, como por exemplo, colocar dentro da sua casa uma pessoa desconhecida para fazer a faxina. Temos muito mais apreço pelas coisas que batalhamos mais para conquistar, e hoje tenho uma relação de especial carinho com esse cantinho que estou aos poucos tornando meu.

Nessa experiência senti o quanto é difícil trabalhar o nosso código de ética quando as situações possuem um apelo emocional mais forte. Eu fiquei brava. Eu estava apegada àquele espaço e, ainda por cima tinha que tomar cuidado para que em nome de ser honesta com um ser humano que estava buscando fazer o melhor que podia, eu não fosse rude. Respira.

Encontrei uma solução interessante, motivo pelo qual estou deixando esse relato aqui no blog: escrevi. Escrevi tudo que me incomodou, tudo que senti, tudo que achei que deveria ser diferente. O resultado foi impressionante: todas aquelas emoções viscosas saíram de dentro de mim, e quando Conceição me visitou novamente eu olhei aquela lista, selecionei o que realmente valia a pena ser falado e como. Resultado: ela já aprendeu bem mais a maneira como gosto de cuidar e organizar, e veio dizer que 'me adorou'. Preservei satya,  ahimsá e sauchan; trabalhando de quebra um pouco de aparigraha!

Fica então a dica, que tirei do super curso Fazer Acontecer do Prof. Charles Maciel: escreva tudo. A partir daí é muito mais fácil fazer essa limpeza e soltar essas amarras emocionais que nos prendem.

domingo, 25 de setembro de 2011

Bolo de Maçã da Alice

Receita enviada pela minha querida colega Carol Sapienza. Primeiro doce do blog, obrigada Ca!

Ingredientes:
  • 1 1/3 xícaras de óleo vegetal (uso o de canola)
  • 3 xícaras de farinha de trigo
  • 1 colher de sopa de canela em pó
  • 1 colher de chá de bicarbonato de sódio
  • 1 colher de chá de sal
  • 2 xícaras de açúcar
  • 3 ovos
  • 3 a 4 maçãs (a receita pede das Granny Smith, mas eu já usei gala e fuji), descascadas, sem sementes e cortadas em cubinhos.
  • 1 xícara de nozes ou pecãs (opcional)
  • 1 colher de chá de essência de baunilha (nunca uso)
Modo de preparo:
    1. Preaqueça o forno a 180°C. Unte com manteiga e polvilhe com farinha de trigo uma forma grande de buraco no meio, ou uma redonda de 25cm.
    2. Peneira numa tigela grande a farinha, canela, bicarbonato e sal. Misture bem e reserve.
    3. Na tigela da batedeira, coloque o óleo, os ovos e o açúcar. Bata em velocidade alta até ficar amarelo claro.
    4. Com a batedeira em velocidade média, vá acrescentando a mistura de farinha gradualmente, e abata somente até ficar homogêneo.
    5. Junte as maçãs picadas e as nozes, e misture com uma colher grande ou espátula. Junte a baunilha e mexa bem.
    6. Transfira a massa para a forma preparada e asse até que um palito saia seco quando espetado no centro do bolo (de 50 minutos a 1 hora).
    7. Retire do forno e deixe amornar. Desenforme e vire o bolo de cabeça para cima. Deixe esfriar completamente para servir.
    Observações: a massa fica bem espessa, grossa, lembra até um caramelo, mas é assim mesmo. Eu achei que o bolo ficou bem doce, para meu paladar dá para reduzir o açúcar, colocar 1 xícara e meia mais ou menos. Eu usei 4 maçãs grandes e ficou ótimo.

    sexta-feira, 23 de setembro de 2011

    Sindrome de Caim

    A respeito da reflexão sobre a essência da natureza humana - o homem é essencialmente bom ou, ao contrário - recomendo a leitura da excelente fábula sobre a síndrome de Caim, publicada no Blog do DeRose.

    http://www.metododerose.org/blogdoderose/amigos/fabula-sobre-a-sindrome-de-caim/

    Se, como é dito de maneira alegórica na fábula, possuímos partes essencialmente benévolas e partes perniciosas na personalidade então nossa conduta torna-se realmente uma questão de escolha pessoal. Uma decisão que passa por dificuldades e obstáculos, uma vez que temos de lutar contra tal lado dito 'maligno' de nós mesmos. Para mim é muito claro que o caminho é fortalecer o lado que queremos privilegiar, para que as características inerentes à nossa personalidade que são indesejáveis atrofiem naturalmente.

    É claro que também é preciso levar em conta as influências externas sobre cada indivíduo: o quão mais subliminares e inconscientes mais perigosas essas são. Só se pode optar sobre aquilo que se percebe. Portanto reflita, observe, analise! Seja o próprio autor da história de sua vida, e não mais uma folha flutuando na brisa. Isso no SwáSthya é estudado em uma aula muito especial sobre Karma. Mas falarei mais à respeito em outros posts.

    quinta-feira, 22 de setembro de 2011

    Atenção: o SwáSthya FAU mudou de lugar!

    A todos os alunos e interessados: as aulas de SwáSthya na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP não estão mais sediadas no caracol. Passamos para o aposento situado entre o Estúdio 2 e o Estúdio 3, próximo à mesa de doces.

    Lembrando, as aulas ocorrem todas as terças e sextas das 12h15 à 13h10. Quem estiver interessado pode entrar em contato comigo por aqui, e-mail ou telefone - (11) 9728-4666 - para maiores informações.