sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Autenticidade: em extinção?

Essa semana ouvi do professor da Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo, Jaime Cordeiro: 'criatividade é para poucos. Não é preciso ser criativo para ser bem-sucedido'. Nessa mesma aula lemos um texto onde era debatida a importância de se ter jogo de cintura e capacidade de improvisação no ambiente profissional, sendo esse traquejo muitas vezes mais importante do que a própria habilidade técnica e conhecimento específico para aquele campo. Pois bem, e aí? Improvisar sem ser criativo?

No contexto de renovação informacional cada vez mais acelerado em que vivemos é evidente que precisamos sim ser flexíveis e sabermos lidar com o imprevisto. Ditadura da criatividade? Não acho que seja isso também. Mas há que se ter, certamente, inteligência emocional e agilidade. O que sinto falta não é necessariamente de pessoas criativas, mais de mais autenticidade.

Hoje nada se cria, tudo se copia. E a cultura vai ficando cada vez mais rasa, com um monte de gente que sabe um pouco de tudo, mas nada aprofundado. Conhecimento de Internet. E olha, com isso não estou condenando a Wikipédia; como outra professora da FEUSP, Kimi Tomizaki, disse hoje e assino embaixo, é uma boa ferramenta de democratização do conhecimento. Mas não se pode parar nela.

Não é por acaso que não copio nenhum texto, nenhuma receita nesse blog. Posso, claro, fazer uma citação, mas gerar conteúdo vazio, que pode ser conseguido facilmente e de maneira idêntica, pra quê? Para mim isso é desonestidade. O que escrevo aqui sou EU. E o que considero uma contribuição profícua para a vida de quem me lê.

Escrevo esse post encerrando a reflexão do yama do mês - satya e aproveitando para fazer esse desabafo. A maioria das pessoas veste uma imagem que não lhe cabe, estando sempre em um conflito entre o que é e o que parece. É claro que precisamos de proteções e não há como se viver sem uma pitada de malícia. Melhor dizendo: precisamos sim ter leitura de ambiente e ser você mesmo não significa enfiar suas opiniões na goela dos outros à força. Mas a maioria está posicionada do lado oposto: há muita insegurança, medo de não se ser aceito.

Nos colocarmos de maneira pertinente e sermos nós mesmos, estando por inteiro nas relações - sejam essas profissionais ou afetivas - é a única maneira de deixar uma real contribuição para a sociedade.

quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Aplicando desintoxicação emocional e ética

O nome dela é Conceição. Uma moça de trinta e poucos, quatro filhos e um neto. Bonita, cheia de energia e muito simpática - fica evidente pelas suas ações que quer me agradar e fazer tudo da melhor maneira. Mas Conceição não me conhece - me viu duas vezes apenas. Na primeira vez chegou em casa umas 8h da manhã e passamos a manhã inteira juntas. Expliquei tintim por tintim o que e como eu queria que ela fizesse. Falei o quão importante era pra mim que tivesse cuidado com minhas coisas e com o ambiente que estou construindo aos poucos com tanto carinho e apreço. Ela ouvia atenta, sempre concordando. Disse, por exemplo, que era muito importante que todos que entrassem chegassem tirassem os sapatos na entrada, que eu tenho tapetes que precisam de cuidados específicos e as pantufas estão no meu Hall para serem utilizadas. 

Saí depois do almoço e sabia que quando retornasse ela não estaria mais lá. Quando cheguei a primeira reação foi a de se sentir invadida: as coisas fora de lugar, a calça com marcas do ferro, a panela wok que eu tanto gosto enfiada dentro do forno e com o tefal arranhado entre mil outras coisinhas... "Júlia, respira!"

Estou há alguns meses vivendo pela primeira vez a rica experiência de morar sozinha. Recomendo a todos: aprendo cada dia mais sobre mim mesma, rotina, emoções, organização e maneiras maduras e saudáveis de estar no mundo. Só que esse processo passa por períodos de dificuldades e muita aprendizagem, como por exemplo, colocar dentro da sua casa uma pessoa desconhecida para fazer a faxina. Temos muito mais apreço pelas coisas que batalhamos mais para conquistar, e hoje tenho uma relação de especial carinho com esse cantinho que estou aos poucos tornando meu.

Nessa experiência senti o quanto é difícil trabalhar o nosso código de ética quando as situações possuem um apelo emocional mais forte. Eu fiquei brava. Eu estava apegada àquele espaço e, ainda por cima tinha que tomar cuidado para que em nome de ser honesta com um ser humano que estava buscando fazer o melhor que podia, eu não fosse rude. Respira.

Encontrei uma solução interessante, motivo pelo qual estou deixando esse relato aqui no blog: escrevi. Escrevi tudo que me incomodou, tudo que senti, tudo que achei que deveria ser diferente. O resultado foi impressionante: todas aquelas emoções viscosas saíram de dentro de mim, e quando Conceição me visitou novamente eu olhei aquela lista, selecionei o que realmente valia a pena ser falado e como. Resultado: ela já aprendeu bem mais a maneira como gosto de cuidar e organizar, e veio dizer que 'me adorou'. Preservei satya,  ahimsá e sauchan; trabalhando de quebra um pouco de aparigraha!

Fica então a dica, que tirei do super curso Fazer Acontecer do Prof. Charles Maciel: escreva tudo. A partir daí é muito mais fácil fazer essa limpeza e soltar essas amarras emocionais que nos prendem.

domingo, 25 de setembro de 2011

Bolo de Maçã da Alice

Receita enviada pela minha querida colega Carol Sapienza. Primeiro doce do blog, obrigada Ca!

Ingredientes:
  • 1 1/3 xícaras de óleo vegetal (uso o de canola)
  • 3 xícaras de farinha de trigo
  • 1 colher de sopa de canela em pó
  • 1 colher de chá de bicarbonato de sódio
  • 1 colher de chá de sal
  • 2 xícaras de açúcar
  • 3 ovos
  • 3 a 4 maçãs (a receita pede das Granny Smith, mas eu já usei gala e fuji), descascadas, sem sementes e cortadas em cubinhos.
  • 1 xícara de nozes ou pecãs (opcional)
  • 1 colher de chá de essência de baunilha (nunca uso)
Modo de preparo:
    1. Preaqueça o forno a 180°C. Unte com manteiga e polvilhe com farinha de trigo uma forma grande de buraco no meio, ou uma redonda de 25cm.
    2. Peneira numa tigela grande a farinha, canela, bicarbonato e sal. Misture bem e reserve.
    3. Na tigela da batedeira, coloque o óleo, os ovos e o açúcar. Bata em velocidade alta até ficar amarelo claro.
    4. Com a batedeira em velocidade média, vá acrescentando a mistura de farinha gradualmente, e abata somente até ficar homogêneo.
    5. Junte as maçãs picadas e as nozes, e misture com uma colher grande ou espátula. Junte a baunilha e mexa bem.
    6. Transfira a massa para a forma preparada e asse até que um palito saia seco quando espetado no centro do bolo (de 50 minutos a 1 hora).
    7. Retire do forno e deixe amornar. Desenforme e vire o bolo de cabeça para cima. Deixe esfriar completamente para servir.
    Observações: a massa fica bem espessa, grossa, lembra até um caramelo, mas é assim mesmo. Eu achei que o bolo ficou bem doce, para meu paladar dá para reduzir o açúcar, colocar 1 xícara e meia mais ou menos. Eu usei 4 maçãs grandes e ficou ótimo.

    sexta-feira, 23 de setembro de 2011

    Sindrome de Caim

    A respeito da reflexão sobre a essência da natureza humana - o homem é essencialmente bom ou, ao contrário - recomendo a leitura da excelente fábula sobre a síndrome de Caim, publicada no Blog do DeRose.

    http://www.metododerose.org/blogdoderose/amigos/fabula-sobre-a-sindrome-de-caim/

    Se, como é dito de maneira alegórica na fábula, possuímos partes essencialmente benévolas e partes perniciosas na personalidade então nossa conduta torna-se realmente uma questão de escolha pessoal. Uma decisão que passa por dificuldades e obstáculos, uma vez que temos de lutar contra tal lado dito 'maligno' de nós mesmos. Para mim é muito claro que o caminho é fortalecer o lado que queremos privilegiar, para que as características inerentes à nossa personalidade que são indesejáveis atrofiem naturalmente.

    É claro que também é preciso levar em conta as influências externas sobre cada indivíduo: o quão mais subliminares e inconscientes mais perigosas essas são. Só se pode optar sobre aquilo que se percebe. Portanto reflita, observe, analise! Seja o próprio autor da história de sua vida, e não mais uma folha flutuando na brisa. Isso no SwáSthya é estudado em uma aula muito especial sobre Karma. Mas falarei mais à respeito em outros posts.

    quinta-feira, 22 de setembro de 2011

    Atenção: o SwáSthya FAU mudou de lugar!

    A todos os alunos e interessados: as aulas de SwáSthya na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP não estão mais sediadas no caracol. Passamos para o aposento situado entre o Estúdio 2 e o Estúdio 3, próximo à mesa de doces.

    Lembrando, as aulas ocorrem todas as terças e sextas das 12h15 à 13h10. Quem estiver interessado pode entrar em contato comigo por aqui, e-mail ou telefone - (11) 9728-4666 - para maiores informações.

    terça-feira, 20 de setembro de 2011

    Aumente a sua potência

    No último domingo tive a felicidade de participar do curso Fazer Acontecer com o Prof. Charles Maciel, onde foi abordada a questão da administração de tempo. 

    A lógica é bastante simples: potência = concentração. Como perdemos energia por sermos dispersos! Fiquei realmente impressionada com o início da aplicação da metodologia proposta pelo Chachá e, trazendo para o contexto da nossa reflexão deste mês, deixo um ponto registrado: cada vez que fazemos promessas para nós mesmos que não se realizam, isso é, que mentimos para nós mesmos, geramos o que foi chamado no curso de um veio aberto - um ponto de escoamento da nossa potência. Cada vez que dizemos a nós mesmos mentalmente "eu cuido desse problema amanhã" ou "segunda eu começo..." e não o fazemos geramos MUITO desgaste.

    Mentir para si mesmo é a pior e uma das mais nocivas mentiras.

    Recomendo muito o curso. Espero em breve trazer aqui bons depoimentos sobre seus resultados.

    sexta-feira, 16 de setembro de 2011

    Sopa fantástica de mandioquinha, cenoura e alho poró

    Agradecimentos especiais à Geni, anjo que me ajuda a manter sauchan em casa e me ensinou a receita.

    Ingredientes:
    • 600g de mandioquinha descascada e picada
    • 600g de cenoura descascada e picada
    • 1 talo de alho poró fatiado finamente
    • 1 cebola grande picada
    • 1 colher (sopa) de óleo de coco extra-virgem (se não tiver, use manteiga)
    • sal a gosto
    • 1 litro de água
    • pimenta do reino (opcional)
    • azeite para finalizar
    • parmesão ralado (opcional)
    Modo de fazer:

    Essa sopa é muito fácil de fazer e a combinação fica deliciosa. Vale a pena procurar o óleo de coco - é um produto típico do nordeste, mas atualmente tem sido mais fácil encontrar por aqui - ele dá um toque realmente especial ao prato.

    Aqueça o óleo de coco (ou manteiga) em uma panela de pressão ou qualquer panela grande. Adicione a cebola e o alho poró picados e misture bem em fogo alto, deixando-os refogar bem por uns 5 minutos. O alho poró deve se desfazer e a cebola ficar bem transparente. Depois acrescente a mandioquinha e cenoura picadas, mexendo bem para que eles peguem o gosto dos outros ingredientes. Adicione o sal e a pimenta - se não quiser, não precisa da pimenta; já tem muitos outros sabores - e cubra com a água. Se estiver fazendo na panela de pressão é hora de colocá-la para funcionar- demorará uns 15-20 minutos para cozinhar. Se não, deixe a panela tampada cozinhado por de 30 a 40 minutos. Verifique se a mandioquinha e a cenoura estão bem cozidas - o ideal é estarem desmanchando. Dê uma boa misturada para o caldo engrossar e prove para ver se está bom de sal.

    Agora você tem 3 opções: pode servir assim, deixando a sopa 'pedaçuda', pode bater no liquidificador se preferir um creme homogêneo ou ainda pode bater metade e deixar metade em pedaços, obtendo textura e cremosidade ao mesmo tempo.

    Sirva com um fio de azeite e o parmesão ralado para quem quiser. Como os sabores são delicados (se for com manteiga um pouco menos) não coloco queijo na minha, mas há quem goste. Rende 4 porções.

    Bom apetite!

    quarta-feira, 14 de setembro de 2011

    Mundo do avesso

    Nesse final de semana, ao retornar do Rio de Janeiro fui brindada com um 'overbook'. Eu estava no horário correto, paguei a passagem como os outros, mas perdi o direito de embarcar naquela aeronave, sendo transferida para um vôo meia hora mais tarde. Afortunadamente eu não estava com o horário apertado e não houve problema algum, mas o ocorrido me levou a refletir sobre esse mecanismo perverso de enganação e eficiência no qual nossa sociedade está baseada.

    Quem é correto muitas vezes é visto como ingênuo ou trouxa. Precisa-se ganhar mais dinheiro, precisa-se tirar o máximo de vantagens de tudo, mesmo que para isso seja necessário desconsiderar outros seres humanos. Bem, de animais, nem se fale.

    Lembrei de minha proposta e desafio neste blog com relação aos yamas e niyamas. Tenho certeza que para muitos que lêem os posts pode ficar uma sensação de irrealidade. De que é realmente um discurso muito bonito sobre ética e valores, mas impossível de ser colocado em prática.. pelo menos na sociedade atual. Está tudo invertido! Até quando seremos cartas fora do baralho?

    Minha resposta para isso começa em um antigo slogan do meu Método: Mude o mundo: comece por você! A revolução começa de dentro para fora, e falar isso não é demagogia! Todos aqueles que conseguiram realizar grandes feitos e mudanças para melhor na história trabalharam com a tomada de consciência dos indivíduos. Fácil? Com certeza não. Impossível? É muito mais cômodo achar que sim...

    Quando escrevo trazendo questões sobre ética à tona tenho plena consciência da dificuldade de se colocar propostas como não-mentir em prática em um mundo tão calcado na enganação. Insisto em levantar as lebres, pois esse é o início do caminho para gerar as mudanças que almejo.

    Termino com o trecho da letra de uma música de meu querido pai, David Calderoni. Aquariano, filósofo, ele coloca bem algumas idéias que compartilho:

    "Eu desejo sim mudar o mundo
    não em separado mas conjunto
    ninguém me suspende e eu estou alto
    ébrio de tão sóbrio
    sobro justo."

    segunda-feira, 12 de setembro de 2011

    Conheci DeRose

    Ao fazer uma limpeza em arquivos antigos de meu computador, me deparei com o texto reproduzido a seguir, escrito em agosto de 2008 para uma publicação que se chamaria 'Conheci DeRose'. Reli e emocionei-me com essa passagem de minha história, que foi um verdadeiro turning point em minha vida. Compartilho com todos.

    "Lembro-me bem quando vi seu nome pela primeira vez: passando de carro pela Av. República do Líbano, em São Paulo, no trajeto diário para a minha escola de teatro. Corria o ano de 2000. A placa daquela escola – que anos depois fui visitar, a antiga sede da Unidade Ibirapuera – era bastante grande e luminosa. Confesso que olhava aquela placa com preconceito ao passar por ela quase todos os dias. Quem é esse DeRose? Algo a ver com rosa? E esse coração com um homenzinho sentado dentro? “A melhor formação profissional” dizia a placa. Eu, que achava que ioga era coisa de gente muito chata e velha, observava com a desconfiança e descrédito do ignorante que acha que sabe.
    Minha vida correu, me tornei atriz, e o Yôga começou a me confrontar por onde eu ia: nos ensaios alguém sugeria um aquecimento com ásanas, duas atrizes da minha Companhia praticavam, eram vegetarianas e falavam disso toda hora... um dia, antes de uma apresentação, uma delas sugeriu que fizéssemos uma mentalização em roda, de mãos dadas, para que o grupo se sintonizasse. Depois entregamos flores e frutas uns para os outros, acompanhados de abraços e declarações de afeto, amizade, companheirismo. Achei aquilo deveras místico à primeira vista. Por outro lado, não tinha nada a ver com Deus, espírito... eram apenas umas respirações mais profundas, e um intenso trabalho de percepção do outro, de si mesmo, da sensibilidade do toque de uma mão. A apresentação daquele dia foi diferente de qualquer outra que já tínhamos feito: existia uma sincronia, uma sintonia fina pairando no ar. Fiquei muito impressionada com aquela experiência, e a guardei.
    Eu era como qualquer adolescente: cheia de questões, dúvidas e conflitos. Sentia que por mais que gostasse muito da minha arte, o teatro, algo faltava. Algo na estrutura. Em 2002 fui para um spa tirar um tempo de tudo e refletir sobre o rumo das minhas escolhas. Conheci muita gente naquele lugar. Fiquei amiga de uma moça que adorava caminhar e filosofar sobre a existência. Como nós conversamos durante aquelas infinitas caminhadas! Em um determinado momento ela olhou no fundo dos meus olhos e disse: “o que você procura está para além da busca superficial da maioria. É algo muito mais profundo, muito mais intimo... você devia fazer Yôga”. Essa para mim foi a gota d’água que faltava. Quando retornei a São Paulo, liguei para uma das minhas colegas de elenco, que praticava na Unidade Higienópolis.
    E eu, que sempre olhara para aquela placa luminosa com tantas pedras na mão de repente me vi entrando naquela mesma casa junto com a minha amiga, pedindo informações, fazendo exame médico. O que me impressionava era o respeito com o qual ela falava do tal DeRose. Quem era? O que ele tinha feito de tão especial? Seu nome em todos os lugares... sim, me gerou desconfiança inicialmente, mas quando eu entrei em contato com sua obra... com seus livros... Estava claro que algo de muito especial aquele homem devia ter para influenciar tantas pessoas lindas, sensatas e cultas.
    Lembro-me bem da primeira vez que o vi ao vivo. Alguma data no segundo semestre de 2002. Eu praticava na turma de iniciantes (Bio-ex, na época) fazia poucos meses. A Nina de Holanda, diretora da minha Unidade, me chamou para ir ao aniversário de uma outra escola. Eu havia lido alguns de seus livros, estava adorando as aulas... fui. Quando o vi, meu corpo todo tremeu. Eu sempre fui bastante comunicativa e extrovertida, mas de repente tudo o que eu queria era que o chão se abrisse e eu mergulhasse! Um misto de vergonha somado a um infinito respeito e reverência... eu não sabia que cara fazer, o que falar, como agir. A Nina logo foi me apresentando e o Mestre me brindou com um largo sorriso e seus olhos brilhantes, que sempre enxergam o que os outros não vêem. Gaguejei um “oi” tímido e não falei mais nada. A atriz, a líder de todos os grupos onde estivera até então era de repente uma menininha que se sentia muito boba e sem jeito.
    Depois disso comecei a esperar esses encontros com uma certa ansiedade. Falei com o Mestre pela primeira vez no lançamento do livro “Encontro com o Mestre”, na Sede Central. Guardo com carinho o autógrafo e suas palavras. Depois, aniversário de 1 ano da Unidade Luís Góis. E não parei mais.
    Demorei um tempo para perceber que DeRose é pessoa humana, que pode estar alegre ou triste, bem ou mal humorado. Isso apenas aumentou meu carinho e admiração. Ao me tornar instrutora pude assistir às suas aulas às terças-feiras – que honra! Nunca entendi como alguns instrutores de São Paulo simplesmente não freqüentam, não fazem questão. Ele é humano, é verdade, mas é alguém muito mais especial do que muitos que se habituaram com a sua proximidade podem fazer idéia.
    Tenho a honra de ser contemporânea de DeRose; o sistematizador do SwáSthya Yôga, que transformou minha vida, de conviver com ele e ser sua supervisionada.
    Obrigada por tudo, meu querido Mestre. Estarei ao seu lado todos os dias de nossas vidas, fazendo o que for necessário para manter esse legado que você teve a generosidade de compartilhar vivo!"

    Acho importante pontuar que atualmente não integro mais o que veio a se chamar método DeRose, e me considero uma instrutora de Swásthya Yôga independente, não sendo assim mais supervisionada pelo Dê. Com o tempo, alçamos vôos mais ousados...

    Apesar de algumas divergências institucionais que possuo com a Uni-Yôga (ou qualquer outro nome com o qual eles se denominem hoje), nunca deixarei de ser grata ao DeRose por me haver possibilitado acessar o riquíssimo universo do Yôga Antigo e sempre que me perguntarem onde aprendi o que ensino o mencionarei como uma fonte principal.

    domingo, 11 de setembro de 2011

    Risoto de pupunha assado com ervas e azeitonas pretas

    Ingredientes:

    • 1 xícara de arroz arbóreo (especial para risoto)
    • 1 cebola pequena picada
    • 500ml de caldo de legumes
    • 100ml de vinho branco seco
    • bastante azeite
    • 1 colher (sopa) de manteiga
    • 250g de palmito pupunha picado (se for fresco, melhor)
    • ervas finas
    • sal a gosto (se necessário)
    • 100g de azeitonas pretas picadas
    • parmesão ralado à gosto

    Modo de preparo:

    Primeiramente, ressalto a importância do arroz não ser agulinha: ou arbóreo ou no máximo canarolli, se não não é risoto. Em segundo lugar, não tente ser light: a manteiga faz toda a diferença na textura e sabor, se você está de dieta escolha outra receita (mas essa vale cada caloria!). Por fim, sobre o vinho: o álcool evapora completamente, eu também sou abstêmia, e ele dá um toque realmente especial. Muito bem, vamos à receita.

    1. Em uma panela pequena (pode ser uma leiteira) aqueça o caldo de legumes - ele pode ser feito em casa (existem muitas receitas boas na internet e você pode inventar a sua - basta deixar bastante tempo fervendo em muita água os legumes, ervas e especiarias de sua preferência com um pouco de sal. Use apenas a 'água') ou comprado pronto. Dê preferência a marcas francesas ou italianas para os caldos prontos - Knorr não é melhor. 
    2. Pré-aqueça o forno e coloque o pupunha picado em uma forma com as ervas e bastante azeite. Cubra com papel alumínio com a parte brilhante voltada para dentro e leve ao forno à 180 graus. Se o palmito for fresco ficará pronto em mais ou menos 25 minutos - o tempo de preparar o arroz - se for em conserva na metade desse tempo.
    3. Em uma panela baixa e larga aqueça umas 2 colheres (sopa) de azeite e acrescente a cebola. Deixe fritar em fogo baixo por 4 minutos misturando bem e junte o arroz. Mexa por mais 1 minuto e coloque o vinho. Deixe secar e então vá acrescentando ao poucos o caldo quente com uma concha, mexendo sempre e nunca deixando secar totalmente. O ponto certo do arroz é 'al dente'.
    4. Quando o arroz estiver no ponto, junte a azeitona picada e o palmito já assado, misturando delicadamente. Desligue o fogo e coloque a manteiga e o parmesão, tampando a panela e deixando descansar por 5 minutos. Destampe a panela, dê uma última mexida para a textura ficar mais homogênea e sirva imediatamente. Coloque mais parmesão sobre cada prato (de preferência ralado na hora).
    O rendimento para cada xícara de arroz é entre 3 e 4 porções. Fica fantástico acompanhado de salada, legumes, ou até mesmo sozinho.

    Bom apetite!

    sexta-feira, 9 de setembro de 2011

    Mentir gera vrittis

    "Yôgach chitta vritti nirôdha" (Yôga é a supressão das instabilidades da consciência) Patañjali

    Quando se conta ou compartilha de uma inverdade, ocupa-se a mente com aquilo que foi proferido. Na preocupação de não se ser descoberto, a consciência gera um estado de tensão constante, e o que normalmente ocorre é que uma mentira gera muitas outras para se manter - enquanto não é descoberta. Isso gera o que chamamos de vrittis - instabilidade. 
    Patañjali, autor do Yôga Sútra, defini esta filosofia como a supressão dos vrittis. No Swásthya é assim que definimos meditação. Desejamos limpar a consciência até que esta se torne trasparente como a superfície de um lago tranquilo: um espelho que reflete o púrusha (self). Ora, é evidente que a ausência de satya torna o trabalho virtualmente impossível. Mentir é sinonimo de instabilidade mental e emocional. Podemos dizer que sem observar satya não há realmente Yôga.

    Para quem está nesse mês (pelo menos) observando satya, observe como a cabeça fica mais leve e a capacidade de concentração naturalmente aumenta. Uma experiência que vale a pena!

    quarta-feira, 7 de setembro de 2011

    Fazer acontecer - com Charles Maciel

    Participei da vivência sobre o tema com o Professor Charles e percebi que não poderia perder esse curso! Divulgo aqui aos alunos e amigos:



    Recomendo a todos que encontram dificuldades em se organizar no tempo e espaço, e querem um "empurrão a mais" para limpar a mente. Esse curso é aberto ao grande público. Farei na Unidade Moema. Quem quiser mais informações veja o convite no facebook.

    terça-feira, 6 de setembro de 2011

    Falando a verdade


    "Um rapaz procurou Sócrates e disse que precisava contar-lhe algo. Sócrates ergueu os olhos do livro que lia e perguntou: - O que você vai me contar já passou pelas três peneiras? - Três peneiras? - Sim. A primeira peneira é a verdade. O que você quer contar dos outros é um fato? Caso tenha ouvido contar, a coisa deve morrer aí mesmo. Suponhamos então que seja verdade. Deve então passar pela segunda peneira: a bondade. O que você vai contar é coisa boa? Ajuda a construir ou destruir o caminho, a fama do próximo? Se o que você quer contar é verdade e é coisa boa, deverá passar pela terceira peneira: a necessidade. Convém contar? Resolve alguma coisa? Ajuda a comunidade? Pode melhorar o planeta e, arremata Sócrates: Se passar pelas três peneiras, conte! Tanto eu, você e seu irmão nos beneficiaremos. Caso contrário, esqueça e enterre tudo. Será uma fofoca a menos para envenenar o ambiente e levar discórdia entre irmãos, colegas do planeta. Devemos ser sempre a estação terminal de qualquer comentário infeliz."



    Esse mês será dedicado ao segundo yama do código de ética do yôgin: satya. Não mentir. Muito bonito de se falar sobre, difícil de se seguir com profundidade.

    Neste preceito ético se inclui  a abstenção de omissão, fofoca ou qualquer tipo de informação que não seja 100% comprovada. Vamos lá, quem topa observar durante todo o mês de setembro se consegue apenas falar o que ter certeza ser verdade e ainda não ser conivente com possíveis mentiras que cheguem aos ouvidos?

    O que considero mais difícil é a questão de política social: mente-se muitas vezes para se atenuar situações potencialmente problemáticas: muitas vezes não se fala como realmente se sente para a pessoa amada, não se diz o que se pensa ao chefe ou colega de trabalho - muitas vezes se diz o oposto!

    É claro que não é por isso que, em nome de dizer a verdade, pode-se justificar a falta de tato. Não adianta seguir perfeitamente satya e esquecer de ahimsá! Como então ser absolutamente verdadeiro sem ser grosseiro? Sem promover com isso situações conflituosas? Evidentemente a chave está na maneira de se colocar... mas vamos ver na prática! Desafio aqui aos meus queridos alunos e leitores a testarem o princípio e relatarem como foi.

    Durante o mês voltaremos ao tema, mas já coloco aqui uma outra característica que percebo como grande geradora de inverdade: a insegurança. Necessidade de mostrar para o mundo uma imagem diferente da realidade. Isso cobre uma enorme parcela das pequenas e grandes mentiras proferidas na sociedade!

    segunda-feira, 5 de setembro de 2011

    Yôga para atores

    Venho aqui recomendar o excelente trabalho que a minha colega e amiga Thaís Lopes está fazendo no seu site Yôga para atores. Atriz com experiência em teatro e tv, Tha foi diretora-fundadora da Unidade Santos de SwáSthya e hoje está na FYESP (Federação de Yôga do Estado de São Paulo). Junto comigo e alguns outros instrutores do Método, Tha Lopes sabe o quão afim é o trabalho de auto-conhecimento que envolve a atuação com a nossa filosofia milenar. No meu site também criei uma página dedicada ao tema, e espero que juntas possamos fazer a classe artística descobrir o SwáSthya melhor.

    Querida: parabéns pela excelente iniciativa.

    Atores: não percam essa oportunidade!

    sábado, 3 de setembro de 2011

    Farofa de cuscuz baiano

    Essa farofa é muito fácil e deliciosa. Pode-se colocar basicamente o que quiser, aqui vai uma sugestão.

    Ingredientes:

    • 1 xícara de flocos de milho pré-cozidos (flocão, milharina ou outra marca que você goste)
    • 1 colher (sobremesa) de óleo de coco extra-virgem (comum no nordeste, aqui vende em casas especializadas ou de produtos naturais. Se não encontrar, use manteiga)
    • 1 cebola pequena picada
    • 100gr de cogumelos fatiados (pode ser champignon ou outro)
    • 10 tomates cereja cortados em 4
    • 1 cenoura cortada em pequenos talos cozida na manteiga
    • 1/2 maço de couve fatiada fina
    • pimenta biquinho picada a gosto
    • sal a gosto


    Modo de preparo:

    Prepare o cuscuz baiano conforme as instruções atrás da embalagem do floco de milho. Se você não tiver uma cuscuzeira pode fazer em uma panela dupla - aquela que tem uma peça com furinhos embaixo, para cozinhar no vapor). De qualquer forma, recomendo a cuscuzeira, que não é cara, é fácil de encontrar e é muito útil para várias receitas gostosas.
    Enquanto o cuscuz cozinha, em uma frigideira grande ou panela larga anti-aderente esquente o óleo de côco (ou manteiga) em fogo alto e deixe fritar a cebola até começar a dourar. Acrescente o cogumelo e a pimenta biquinho. Misture bem por 5 minutos. Adicione a couve, mexa e deixe ela mudar de cor, adquirindo um tom verde mais vivo. Junte então o tomate cereja, a cenoura e o sal. Mexa por mais 5 minutos e então acrescente o cuscuz já cozido, amassando-o delicadamente junto à mistura para virar farofa. Experimente e veja se precisa de mais sal. Está pronto para servir!

    Você pode fazer essa receita com ovo, banana ou o que quiser. Rende bastante e acompanha basicamente qualquer prato.

    Bom apetite!