terça-feira, 9 de agosto de 2011

O velho tema do Guru picareta...

No último final de semana  resolvi celebrar o cinema nacional assistindo à última comédia de Hugo Carvana (diretor dos ótimos Vai Trabalhar Vagabundo e Se Segura Malandro) Não se preocupe, nada vai dar certo! com Tarcísio Meira. Confesso que, apesar da canastrice do protagonista dei boas risadas e pude desfrutar da ótima atuação de Gregório Duvivier, encarnando o filho do primeiro. O filme é leve e despretencioso, nada profundo, mas cumpre o que promete: uma sessão de entretenimento. Esperava mais por conhecer os outros trabalhos do diretor, mas a música de Edu Lobo ao final salvou a pátria.

Uma questão ficou para mim no entanto: na história narrada a personagem Lalau Velasco (Gregório Duvivier) se faz passar pelo Guru Bob Savananda, papa transcedental esteriotipado que ganha milhões falando asneiras revestidas de oriente. Lembrei na hora do longa O Guru do Sexo, que trabalha muito melhor semelhante tema. Afinal, a imagem do Guru é realmente distorcida no ocidente, dando margem para o ícone repetidamente explorado nas telas. Uma pena.

Em hindi - uma das linguas oficiais da Índia, derivada do sânscrito - a palavra Guru significa literalmente "aquele que tira das trevas" e designa todo o tipo de professor; seja de música, matemática, filosofia ou qualquer outra coisa. Existe sim tanto na cultura indiana como em outros países do oriente como o Japão uma valorização, que considero muito bonita, desta personagem social: os professores, por possuirem o importante papel de transmissão do conhecimento, tem grande status social e são 'cuidados' pela sociedade: todos os respeitam e preservam. Como seria bom se assim fosse em nossa sociedade!

No século XX a cultura indiana se tornou pop: de repente os Beatles cantavam Jay Guru Dêva ÔM e a Madona executava ásanas no palco. Isso gerou uma onda frenética de turistas para esse país que buscavam redenção, espiritualidade, transcendência. A Índia, miserável após séculos e séculos de invasões, exploração e depois colonização não deixou de aproveitar o surto: a expressão "pra inglês ver" surge daí. O que é vendido para o ocidente muitas vezes é apenas o que os turistas cheios de dólares desejam encontrar - o esteriótipo - e a cultura propriamente dita na maioria das vezes é preservada de olhares estrangeiros. Não os culpo, mas está aí a origem do Guru picareta e aproveitador que se formou no nosso imaginário. Eu, como guru que sou fico triste... ensinar é algo tão lindo e edificante... seria bom se o ocidente pudesse absorver outras coisas da terra do sol nascente!

4 comentários:

  1. Um mestre, ou guru, que não tenha como objetivo moksha, é um guru picareta. Independente se ele representa uma imagem esteriotipada ou não. Na verdade o problema maior não é com a imagem que ele se apresenta e sim o conteúdo que ele transmite. E é exatamente por isso que o Derose é tão criticado! Uma Yoga com um mestre ególatra é tão ruim ou pior que um esteriótipo.

    Fiz uma aula de SwáSthya Yôga e a prof dizia: Vamos lá moçada ! Vamos ver quem faz navássana por mais tempo ! Uhu ! Promovendo a concorrência e o ego, tô fora !

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    1. Caro anônomo;

      Moksha faz parte do repertório do budismo, não do Yôga. Concordo com você a respeito da discrepância entre imagem e conteúdo, mas devo dizer que é também estereotipada a ideia de que para se alcançar o auto-conhecimento deve-se anular o ego. Este com certeza precisa ser trabalhado, mas não precisa deixar de existir.

      Consciência de si implica em saber quem se é, que por sua vez demanda uma relação equilibrada com o próprio ego. Mas respeito suas opiniões. Devemos sempre nos respeitar. Certo, ANÔNIMO?

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  2. Olá cara Ju Calderoni, O Moksha não é parte do repertório do Budismo e sim do Yôga, entre no site do Sivananda Ashram de Rishkesh e digite Moksha em "pesquisar" vc vai ver centenas de ensimamentos sobre Moksha do próprio Sivananda. Vou escrever um aqui do site Sivananda: Dharma (el propósito de la vida), Artha (la prosperidad),. Kama (el placer), y Moksha (la liberación espiritual). ¿Cómo entender el propósito de tu vida?
    entre no site e pense por si mesma. http://www.sivananda.org/

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  3. Eu sei que o DeRose não gosta da teoria do Moksha mas dizer que ela é repertório do Budismo é perpetuar um falso ensinamento, entre no site do Sivananda e digite a palavra Moksha onde tem pesquisar, vc vai se surpriender com a quantidade de matérias. Não seja um robô, pense por si mesma. "Só sei que nada sei" Sócrates (470 a.C. - 399 a.C.)
    entre lá no Sivananda por favor: http://www.sivananda.org/

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