terça-feira, 27 de dezembro de 2011

Guacamole DeMarino-Calderoni

Essa receita foi a síntese de alguns testes que fiz com meu querido Ricardo, em cima das versões que encontramos do clássico mexicano. Um opção diferente que encaixa bem como entradinha sem carnes nessa época festiva.

Ingredientes:
  • 1 abacate grande maduro amassado no garfo
  • 2 tomates bem vermelhinhos cortados em cubos pequenos, sem sementes
  • 1 cebola pequena ralada no ralador fino
  • Sumo de 1 ou 2 limões
  • Pimenta jalapeño/ de cheiro a gosto
  • Coentro fresco picado a gosto
  • Sal
  • Azeite
Modo de preparo:

Muito simples - misture tudo e está pronto! As dicas são: rale a cebola e pique o coentro e a pimenta na hora, para que estejam mais saborosos. Se não achar a jalapeño, que é a tradicional, a de cheiro funciona muito bem. Você pode também substituir por um bom molho de pimenta, se quiser praticidade. Vá adicionando os ingredientes que são a gosto aos poucos, sempre provando, para não errar na medida.
Se você deixar por uma horinha na geladeira antes de servir fica ainda mais gostosa.

Coma com nachos, doritos ou pão sírio.

Bom apetite!

Mais Artur da Távola

Sobre a nossa reflexão a respeito do yama do mês, compartilho mais uma crônica perfeita do Artur, que traduz o que é essência para mim.

Tempo de Estar e tempo de Ser

Eu creio que você vai me entender: a gente nem sempre é a posição em que está. Falei claro? A gente foi a posição em que está. Ao assumi-la a gente já mudou. A posição em que a gente está, é condicionada por causas temporais e passageiras. Por justa, linda e generosa que seja, a posição em que se está é sempre muito menos do que a gente é. A gente é um composto que inclui, entre tantas outras coisas, a posição em que se está. Estar é parar. Ser é avançar.

Você crê numa coisa. Toma posição ao lado dela. Faz muito bem! Mas não englobe nem comprometa todo o seu ser, pois você é muito mais rico e complexo do que a posição na qual julga ter encontrado resposta para todos os seus problemas naquele instante.

Você é, inclusive, a negação da posição em que está. Ela e a negação dela compõem o que você é. Mas, a posição em que você está precisa negar tudo o que não esteja de acordo com ela. Principalmente o ser, pois o ser é sempre mais livre. Já, estar é mais cômodo. Porque estático. Estático é a condição do que está.

Quanto menos confiança na posição em que você está, mais acirrado em sua defesa você será. Quanto mais você perceba que é muito mais do que a posição em que está, mais ameaçado por ela ficará.
Se está complicado, perdão. Se está complexo, ainda bem! Cada vez que você deixar de ser para estar, você está abrindo mão de partes suas importantes e valorosas, trocando-as por coerências aparentes, por lógicas que a nada levam.
O estar é uma categoria do ser. É possível ser sem estar. Porque ser é abrangente, é total. Não é possível, porém, estar  sem ser. O máximo que é permitido ao estar é coincidir, por vezes, com o ser. O ser pertence ao cosmos. O estar pertence ao momento. O ser é necessário. O estar é contingente.
A posição em que você está é a expressão momentânea dos seus humores, das suas necessidades e das influências que você sofreu. Passará e mudará na medida em que elas mudarem. O que você É pertence a uma ordem diversa de valores, feita dos mistérios ou verdades de sua vida; das suas partes desconhecidas; das revelações; das partes sabidas; das suas relações com o amplo, o total, o uno, o completo.
No mundo das aparências ser é menos sedutor do que estar. Estar é viver cercado de acólitos, seguidores, justificadores, beneficiários, companheiros. Ser é solitário.
Eu venho do tempo dos que estão. Dos que desistiram de ser para estar. Todos com o melhor dos propósitos e as mais elevadas teorias de solidariedade humana, mas muitos <<estando>> e poucos <<sendo>>. O tempo de quem desistiu de ser para estar gerou guerras, destruições, deixando como herança, apenas e tão-somente, uma profunda vontade de Ser: porque a gente é sempre mais do que a posição em que se está.
Eu mudo sempre. Por isso sou ALGUÉM QUE JÁ NÃO FUI. Alguém que pretende estar apenas e até onde conseguir ser. Pouco. Mas todo.

Távola escreveu estas palavras na década de 70, mas elas continuam atuais como nunca. Que elas iluminem essa passagem de ano para todos, e que assim se possa distinguir melhor a essência da contingência - ambas fundamentais, mas uma perene e outra passageira. Para a contingência cabe aparigraha. Cabe o desprendimento para a mudança. Sempre.

segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

Dizemos mais com nossas ações do que com palavras

Divulgo aqui a ótima reportagem que saiu na revista Trip sobre vegetarianismo e alimentação consciente.


Hoje em dia, com a acessibilidade que todos tem à informação, não é mais possível usar a ignorância como desculpa para a conduta. Sim, é muito difícil mudar de hábitos: nos apegamos aos nossos condicionamentos, e sair destes é estar fora da zona de conforto. Dá trabalho. Ao mesmo tempo, quando as ações deixam de ser o reflexo do que se tem como valores importantes entramos em conflito com nós mesmos.

Por mais que qualquer mudança de paradigma demande esforço, estar convicto do que se quer é uma injeção de ânimo e torna as mais complexas decisões muito simples e claras. Sem coerência com nossos valores, não conseguimos realmente ser plenos no que fazemos. Muito menos felizes.

segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

Não pare a vida.

Caros leitores do Blog da Juju;

Depois da correria de final de semestre, volto à ativa aqui no blog e os convido para a reflexão de mais uma norma ética: aparigraha - a não-possessividade. Antes de mais nada, recomendo a leitura no blog do querido colega Fabiano Gomes a respeito do assunto, a partir do link acima.

Ao falar de não-possessividade imediatamente o tema das relações amorosas vem à tona. Mas o conceito não se restringe somente a não ter a ilusão de que o corpo e afeto do parceiro é nossa propriedade. Esse é apenas o início da reflexão.

Se pararmos para pensar, a relação da maioria das pessoas com o mundo implica em sentimento de posse: amizades, objetos, obras que produzimos, dinheiro. Digo: é pura ilusão de ótica. Esse traço humano foi em muito reforçado pela sociedade moderna, capitalista e individualista, mas obviamente não surgiu agora - caso contrário não haveria a necessidade de se criar este yama há dezenas de séculos na Índia.

Recentemente tive minha carteira furtada, com cartões, cheques, documentos e boa quantidade de dinheiro. Me surpreendi com o fato de não ter ficado lamentando tanto quanto imaginaria - por mais que vá fazer falta - a perda do dinheiro. Sei que ele continuará vindo enquanto eu estiver ativa. É um fluxo, uma energia, e me prender a ele só paralisa tal processo. Mas confesso que me senti invadida, agredida - uma coisa não muda a outra. No meu caso, sinceramente, o apego às lembranças e amizades é mais difícil de lidar.

Agora pense: com o que você é mais apegado? Isso atrapalha a sua vida? Poderia ser diferente? E você o quer?

Se quiser, me responda que adorarei dialogar. Se não, guarde a reflexão e pense no assunto para si: apego paralisa!