domingo, 20 de novembro de 2011

Somos inteiros!

Muitas pessoas possuem verdadeiro pavor de ficarem sozinhas e por isso acabam muitas vezes construindo relações sem qualidade. O ser humano precisa viver em sociedade e, como aponta Freud em O mal estar na civilização, tem que confrontar seus desejos e necessidades individuais com um coletivo com o qual nunca está plenamente em harmonia, afinal, somos diferentes.

O que acaba acontecendo com grande parte das pessoas é que, acostumados ao limite em sufocar nossos impulsos individuais, tornamo-nos dependentes de um outro que é referencial para nossa auto-afirmação e afeto. O parceiro deixa de ser simplesmente alguém com quem compartilhamos a vida e passa a ser um complemento, o que não é nada saudável, pois deixamos assim de estar inteiros para sermos metades. Ora, o mito grego relatado por Aristófanes em O banquete de Platão fala que os seres humanos foram divididos em dois por Zeus, e por isso passamos a vida procurando nosso complemento. O amor, nessa perspectiva, é a falta de nossa contra-parte. Uma perspectiva de relacionamento simbiótico, onde um precisa do outro.

 O primeiro fator que gera esse tipo de ligação de dependência, esse verdadeiro vício em relacionamentos é a insegurança. Com a auto-estima baixa, precisa-se de reafirmação. O problema é que isso tende a fabricar relacionamentos possessivos, cheios de ciúmes e instabilidade, pois a base foi de carência e insegurança.

Solução que eu pessoalmente encontrei para a questão: sou uma pessoa extremamente gregária, pouco individualista e que nunca foi de curtir estar sozinha por muito tempo, mas ao constar que eu estava 'viciada' em relacionamentos... parei. Passei algum tempo - no meu caso foi pouco mais de 1 ano - sem me permitir um envolvimento profundo com ninguém, enquanto me sentia carente. No início foi difícil, mas aos poucos descobri um lado muito interessante e gostoso do silêncio e da solidão.

É isso que indico: cuidado em pular de um relacionamento para outro, se perdendo no meio do caminho. Curta-se, ame-se (sei que parece piegas, mas é isso mesmo), aprenda a se admirar e assim estar inteiro para que, ao entrar em um relacionamento, isso seja uma escolha e não uma necessidade desesperada e assim possa haver uma troca e parceria gostosa e equilibrada.

É muito ruim estar com alguém apenas para sanar carência. Não vale a pena para nenhum dos dois!

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