quarta-feira, 22 de agosto de 2012

Sobre o fundamentalismo

No sábado dia 11, após a linda vitória do nosso vôlei feminino, assisti a uma entrevista do técnico Zé Roberto que, ao ser perguntado a respeito do futebol (que perdera na final), disse mais ou menos assim: "Hoje em dia no Brasil futebol é religião. Vôlei ainda é esporte, e como esportistas, e não como deuses trabalhamos duro".

Realmente, é muito fácil se mitificar e tornar quase uma seita religiosa as egrégoras das quais participamos. Principalmente aquelas com as quais possuímos primordialmente uma conexão emocional. Isso é evidente no futebol brasileiro, e também ocorre em partidos políticos, correntes filosóficas, correntes de alimentação e até em empresas. Todo o grupo que o faz 'vestir a camisa' e lutar por seus ideais de maneira indiscriminada e acrítica possui a tendência a levar seus integrantes a uma relação de fanatismo e, com isso de intolerância e violência. O pensamento por trás de tais ações é o de superioridade - mesmo que esta venha disfarçada por palavras de fraternidade e boas relações humanas.

É claro que a maneira como cada membro de uma comunidade ou ideologia muda e há diversos fatores individuais. Não serão todos os torcedores de futebol fanáticos e dispostos à violência, mas é visível que há essa tendência e disposição nas torcidas organizadas. O fenômeno da massa que tende a pensar de forma homogênea e acaba se nivelando 'por baixo' é algo já bastante discutido na Sociologia e parece se comprovar em diversos exemplos.

Se você percebe que a auto-crítica não é bem vista dentro de um grupo que frequenta, e que tem dificuldade de expressar sua individualidade, se constata que está dedicando parte exagerada de seu tempo e dinheiro a esse grupo, se este passa a afetar as relações que você tem fora dele e o isola do resto do mundo; fique ligado! Quanto mais tempo permanecer conectado a essa egrégora, mais difícil será de sair de dentro dela, pois seu vínculo emocional ficará cada vez mais forte e, com o tempo, lhe parecerá que esta faz parte da estruturação básica da sua vida.

Penso que em todos nós há um lado carente e desesperado por encontrar sentido e certeza na vida. Uma parte de nós clama por acolhimento e sensação de pertencimento. É importante estar consciente disto para saber o que se pede em troca de tal segurança e se estamos dispostos a pagar tal preço.

Ao meu ver tal sensação é sempre falsa e seu preço - a liberdade - alto demais. Mas esta é a minha opinião.

Se isso que descrevi é fundamentalismo? Sinceramente não sei. A palavra foi a que espontaneamente me veio e decidi mante-la, mas penso que 'a tendência ao fundamentos' de algo pode ser bem diferente do que o descrito. Sobre isso:
http://www.chamada.com.br/mensagens/fundamentalismo.html
http://www.istoe.com.br/colunas-e-blogs/coluna/175865_FUNDAMENTALISTAS

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