segunda-feira, 11 de março de 2013

Sobre o embrutecimento

Li hoje um artigo no blog do Sakamoto sobre o atropelamento do ciclista David na Av. Paulista, ocorrido no último domingo. É muito triste, mas concordo plenamente com o artigo: um acontecimento como esse não nos choca mais realmente. No fundo é mais um dos ocorridos cotidianos da nossa tão "pacífica" e "civilizada" cidade. No fundo estamos acostumados. Dessensibilizados. Embrutecidos.

E para viver nesse contexto que nos cerca precisamos estar? Me pergunto onde cabe o nosso horror, nossa fragilidade... nossa sensibilidade nesse mundo, nessa cidade onde vivemos. É quase questão de sobrevivência naturalizar o horror, pois se não este nos seria insuportável.

É verdade, houve manifestações por parte dos ciclistas, brados por justiça... que bom que houve, como também me deixou feliz no sábado ter ocorrido o ato de repúdio ao deputado Marcos Feliciano com tantos participantes. Isso mostra que, em algum nível, a sociedade quer lutar pelos seus direitos e não permanece calada. Ao mesmo tempo algo em mim acha tudo isso pouco. Podem, e provavelmente irão  acontecer agressões correlatas a essas duas (pois para mim a posse do dep. Marcos Feliciano é uma  agressão a qualquer um que luta pelos Direitos Humanos, além de uma grande piada de mal gosto, onde todos nós somos os palhaços). Tinha que ser intolerável.

Talvez apenas se não existisse São Paulo, essa 'não-cidade', como disse Sakamoto. Talvez eu, de tradição tântrica - sensorial e desrepressora tenha que sair daqui para conseguir deixar de me sentir eternamente oprimida por essa realidade.

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