domingo, 9 de outubro de 2011

Ladrões de futuro

Nesse mês o yama a ser colocado em pauta para reflexão é astêya - não roubar. Confesso que tive mais dificuldade de trazer-lo de maneira interessante e fugindo do lugar comum do que os outros. Isso pois a minha primeira reação ao pensar em astêya é 'imagina, isso já faço com perfeição. Eu não tenho o que trabalhar...' Bem, vamos analisar com mais calma o conceito.

Tudo bem, com exceção de alguns distúrbios psicopatológicos, é bastante arraiada em nossa cultura e moralidade a condenação ao roubo e apropriação indevida. Enquanto a mentira, dependendo do contexto é até socialmente aceita e indicada, enquanto manifestações de agressividade são consideradas necessárias em alguns casos, não vemos ninguém fazendo apologia a tirar algo dos outros ilicitamente.

Obviamente não me refiro apenas ao roubo de coisas materiais, mas também a se valer de idéias e conceitos de outrem sem permissão nem citar a fonte e inclusive roubar possibilidades, chances que você ou os outros teriam no futuro. É neste ponto que podemos refletir... eu por exemplo nunca o fiz de propósito, mas será que, sem intenção, já não passei por cima de alguém? Certamente já roubei oportunidades de mim mesma!

Para além de correção moral, para que este yama seja aplicado latu sensu devemos prestar atenção em TUDO o que poderia ser considerado roubo ou furto, mesmo que simbólico ou ideológico. As proscrições éticas do Yôga configuram os parâmetros de atitude do indivíduo para com o mundo, sempre buscando a integração saudável para todos. A pergunta em todos os yamas que sempre deve ser feita é: estamos atingindo o objetivo de boas-relações com o mundo e deste conosco? Quando efetivamente o conseguimos, torna-se muito fácil ir de encontro à parte técnica da nossa filosofia e evoluir, pois a base conceitual está sólida.

Então, vamos lá! Neste mês, foco em astêya. Coloque aqui suas impressões, críticas e depoimentos!

"Não penses no que podes perder, mas lembra-te do que queres ganhar".
Educador DeRose

2 comentários:

  1. Ju, você falou da dificuldade de sair do lugar comum com este tema e me lembrou de algo que li...
    No livro "o caçador de pipas", o pai do personagem principal dizia ao menino que o único pecado era roubar. Se você mata alguém, rouba dessa pessoa a vida, assim como de seus pais, um filho, de sua esposa, um marido, e assim por diante. Se você mente, rouba da pessoa seu direito de saber a verdade. E interpreta todos os atos vistos como ruins como roubo de algo.
    Esses dizeres me marcaram bastante e são uma perspectiva bem diferente do "roubar" que vemos hoje em dia, que só considera a propriedade privada e sua apropriação indevida...
    Enfim, gostei do texto, Jú!

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  2. Ótima colocação, Si!
    Acabamos, nessa perspectiva sendo muitas vezes ladrões... no contexto da educação, cada vez que se tira de uma criança as condições de instrução se rouba realmente o futuro dela.

    Retomando... realmente é importante um olhar mais abrangente para que possamos ter uma conduta ética e contribuir assim para uma sociedade melhor.

    Beijos, querida!

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