segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Conheci DeRose

Ao fazer uma limpeza em arquivos antigos de meu computador, me deparei com o texto reproduzido a seguir, escrito em agosto de 2008 para uma publicação que se chamaria 'Conheci DeRose'. Reli e emocionei-me com essa passagem de minha história, que foi um verdadeiro turning point em minha vida. Compartilho com todos.

"Lembro-me bem quando vi seu nome pela primeira vez: passando de carro pela Av. República do Líbano, em São Paulo, no trajeto diário para a minha escola de teatro. Corria o ano de 2000. A placa daquela escola – que anos depois fui visitar, a antiga sede da Unidade Ibirapuera – era bastante grande e luminosa. Confesso que olhava aquela placa com preconceito ao passar por ela quase todos os dias. Quem é esse DeRose? Algo a ver com rosa? E esse coração com um homenzinho sentado dentro? “A melhor formação profissional” dizia a placa. Eu, que achava que ioga era coisa de gente muito chata e velha, observava com a desconfiança e descrédito do ignorante que acha que sabe.
Minha vida correu, me tornei atriz, e o Yôga começou a me confrontar por onde eu ia: nos ensaios alguém sugeria um aquecimento com ásanas, duas atrizes da minha Companhia praticavam, eram vegetarianas e falavam disso toda hora... um dia, antes de uma apresentação, uma delas sugeriu que fizéssemos uma mentalização em roda, de mãos dadas, para que o grupo se sintonizasse. Depois entregamos flores e frutas uns para os outros, acompanhados de abraços e declarações de afeto, amizade, companheirismo. Achei aquilo deveras místico à primeira vista. Por outro lado, não tinha nada a ver com Deus, espírito... eram apenas umas respirações mais profundas, e um intenso trabalho de percepção do outro, de si mesmo, da sensibilidade do toque de uma mão. A apresentação daquele dia foi diferente de qualquer outra que já tínhamos feito: existia uma sincronia, uma sintonia fina pairando no ar. Fiquei muito impressionada com aquela experiência, e a guardei.
Eu era como qualquer adolescente: cheia de questões, dúvidas e conflitos. Sentia que por mais que gostasse muito da minha arte, o teatro, algo faltava. Algo na estrutura. Em 2002 fui para um spa tirar um tempo de tudo e refletir sobre o rumo das minhas escolhas. Conheci muita gente naquele lugar. Fiquei amiga de uma moça que adorava caminhar e filosofar sobre a existência. Como nós conversamos durante aquelas infinitas caminhadas! Em um determinado momento ela olhou no fundo dos meus olhos e disse: “o que você procura está para além da busca superficial da maioria. É algo muito mais profundo, muito mais intimo... você devia fazer Yôga”. Essa para mim foi a gota d’água que faltava. Quando retornei a São Paulo, liguei para uma das minhas colegas de elenco, que praticava na Unidade Higienópolis.
E eu, que sempre olhara para aquela placa luminosa com tantas pedras na mão de repente me vi entrando naquela mesma casa junto com a minha amiga, pedindo informações, fazendo exame médico. O que me impressionava era o respeito com o qual ela falava do tal DeRose. Quem era? O que ele tinha feito de tão especial? Seu nome em todos os lugares... sim, me gerou desconfiança inicialmente, mas quando eu entrei em contato com sua obra... com seus livros... Estava claro que algo de muito especial aquele homem devia ter para influenciar tantas pessoas lindas, sensatas e cultas.
Lembro-me bem da primeira vez que o vi ao vivo. Alguma data no segundo semestre de 2002. Eu praticava na turma de iniciantes (Bio-ex, na época) fazia poucos meses. A Nina de Holanda, diretora da minha Unidade, me chamou para ir ao aniversário de uma outra escola. Eu havia lido alguns de seus livros, estava adorando as aulas... fui. Quando o vi, meu corpo todo tremeu. Eu sempre fui bastante comunicativa e extrovertida, mas de repente tudo o que eu queria era que o chão se abrisse e eu mergulhasse! Um misto de vergonha somado a um infinito respeito e reverência... eu não sabia que cara fazer, o que falar, como agir. A Nina logo foi me apresentando e o Mestre me brindou com um largo sorriso e seus olhos brilhantes, que sempre enxergam o que os outros não vêem. Gaguejei um “oi” tímido e não falei mais nada. A atriz, a líder de todos os grupos onde estivera até então era de repente uma menininha que se sentia muito boba e sem jeito.
Depois disso comecei a esperar esses encontros com uma certa ansiedade. Falei com o Mestre pela primeira vez no lançamento do livro “Encontro com o Mestre”, na Sede Central. Guardo com carinho o autógrafo e suas palavras. Depois, aniversário de 1 ano da Unidade Luís Góis. E não parei mais.
Demorei um tempo para perceber que DeRose é pessoa humana, que pode estar alegre ou triste, bem ou mal humorado. Isso apenas aumentou meu carinho e admiração. Ao me tornar instrutora pude assistir às suas aulas às terças-feiras – que honra! Nunca entendi como alguns instrutores de São Paulo simplesmente não freqüentam, não fazem questão. Ele é humano, é verdade, mas é alguém muito mais especial do que muitos que se habituaram com a sua proximidade podem fazer idéia.
Tenho a honra de ser contemporânea de DeRose; o sistematizador do SwáSthya Yôga, que transformou minha vida, de conviver com ele e ser sua supervisionada.
Obrigada por tudo, meu querido Mestre. Estarei ao seu lado todos os dias de nossas vidas, fazendo o que for necessário para manter esse legado que você teve a generosidade de compartilhar vivo!"

Acho importante pontuar que atualmente não integro mais o que veio a se chamar método DeRose, e me considero uma instrutora de Swásthya Yôga independente, não sendo assim mais supervisionada pelo Dê. Com o tempo, alçamos vôos mais ousados...

Apesar de algumas divergências institucionais que possuo com a Uni-Yôga (ou qualquer outro nome com o qual eles se denominem hoje), nunca deixarei de ser grata ao DeRose por me haver possibilitado acessar o riquíssimo universo do Yôga Antigo e sempre que me perguntarem onde aprendi o que ensino o mencionarei como uma fonte principal.

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