terça-feira, 6 de setembro de 2011

Falando a verdade


"Um rapaz procurou Sócrates e disse que precisava contar-lhe algo. Sócrates ergueu os olhos do livro que lia e perguntou: - O que você vai me contar já passou pelas três peneiras? - Três peneiras? - Sim. A primeira peneira é a verdade. O que você quer contar dos outros é um fato? Caso tenha ouvido contar, a coisa deve morrer aí mesmo. Suponhamos então que seja verdade. Deve então passar pela segunda peneira: a bondade. O que você vai contar é coisa boa? Ajuda a construir ou destruir o caminho, a fama do próximo? Se o que você quer contar é verdade e é coisa boa, deverá passar pela terceira peneira: a necessidade. Convém contar? Resolve alguma coisa? Ajuda a comunidade? Pode melhorar o planeta e, arremata Sócrates: Se passar pelas três peneiras, conte! Tanto eu, você e seu irmão nos beneficiaremos. Caso contrário, esqueça e enterre tudo. Será uma fofoca a menos para envenenar o ambiente e levar discórdia entre irmãos, colegas do planeta. Devemos ser sempre a estação terminal de qualquer comentário infeliz."



Esse mês será dedicado ao segundo yama do código de ética do yôgin: satya. Não mentir. Muito bonito de se falar sobre, difícil de se seguir com profundidade.

Neste preceito ético se inclui  a abstenção de omissão, fofoca ou qualquer tipo de informação que não seja 100% comprovada. Vamos lá, quem topa observar durante todo o mês de setembro se consegue apenas falar o que ter certeza ser verdade e ainda não ser conivente com possíveis mentiras que cheguem aos ouvidos?

O que considero mais difícil é a questão de política social: mente-se muitas vezes para se atenuar situações potencialmente problemáticas: muitas vezes não se fala como realmente se sente para a pessoa amada, não se diz o que se pensa ao chefe ou colega de trabalho - muitas vezes se diz o oposto!

É claro que não é por isso que, em nome de dizer a verdade, pode-se justificar a falta de tato. Não adianta seguir perfeitamente satya e esquecer de ahimsá! Como então ser absolutamente verdadeiro sem ser grosseiro? Sem promover com isso situações conflituosas? Evidentemente a chave está na maneira de se colocar... mas vamos ver na prática! Desafio aqui aos meus queridos alunos e leitores a testarem o princípio e relatarem como foi.

Durante o mês voltaremos ao tema, mas já coloco aqui uma outra característica que percebo como grande geradora de inverdade: a insegurança. Necessidade de mostrar para o mundo uma imagem diferente da realidade. Isso cobre uma enorme parcela das pequenas e grandes mentiras proferidas na sociedade!

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