sexta-feira, 12 de agosto de 2011

Agora vamos praticar ética!

"Há os que levantam e fazem e há os que sentam e choram". DeRose
Falei sobre ética em post recente, agora convido a todos os leitores para sair da teoria. Uma das síndromes da Era intelectual é a dissociação entre discurso e praxis - muito falatório bonito e uma incorrespondência com as ações e atitudes do indivíduo. Pois bem, tratemos de mudar esse paradigma agora! Minha propósta é fazer a experiência de um yama/niyama por mês: escreverei minha visão sobre o preceito ético e quem quiser pode passar o mês observando a si mesmo em tal aspecto e através dos posts trocamos experiências e criamos um fórum de discussão!

Começarei essa experiência com ahimsá - a não-agressão. Se você não conhece como esse conceito é desenvolvido no contexto o Yôga leia o Código de Ética do Yôgin. Por princípio não irei ficar copiando e colando informações que já circulam na internet, pois meu objetivo aqui não é gerar conteúdo vazio e sim possibilitar reflexões a partir de minha experiência à luz de conceitos e temas que considero relevantes. Portanto meus posts sempre terão links para os assuntos dos quais estou tratando.
No caso desse yama sugiro a leitura de post correlato no blog da Unidade Asa Norte, que sussita muito bem essa reflexão que quero fazer: o quão conscientemente nos relacionamos com os outros? Falar da não-violência é quase esteriotipado no Yôga e na Índia, mas até que ponto estamos aplicando isso à nossas vidas e em quais níveis? A agressividade está presente, mais ou menos em todos os indivíduos, e é considerada necessária pela maioria para a sobrevivência: precisamos ser agressivos dentro da estrutura social capitalista para existirmos no mercado e nas relações. Será?

Eu particularmente tenho dificuldade de ver esse conceito aplicado. Não gosto de ser agredida e não faço com os outros o que não quero que façam comigo. Admito que em muitas situações é preciso ser firme e se impor, mas isso não é sinônimo de ser violento!
Esse mês vamos observar? Agressão com a natureza - animais, plantas, com o planeta em geral; agressão com outras pessoas - muitas vezes que amamos; e sobretudo auto-agressão. Espero os relatos e pensamentos de todos!

4 comentários:

  1. Ju, achei muito interessante!

    Vou refletir, ok? Não sei, acho legal isso. Mas ser firme e se impor também não é uma prática agressiva? No capitalismo, ou nesses sistemas que conhecemos até hoje, para usar o Paulo Freire, sempre teremos o opressor e o oprimido...
    Achei interessante a sua proposta, quero saber o que vai acontecer!
    Pensando melhor, talvez a não violência aconteça, se nos tratarmos como iguais. Mas para que todos fizessem isso, é, teríamos que mudar de sistema... :)

    ResponderExcluir
  2. Oi Taís!

    Olha, essa é uma questão que tenho há muito tempo, e a resposta não é simples. O que podemos perceber facilmente é que agressão tende a gerar mais agressão em efeito cascata e é virtualmente impossível parar a bola de neve. Exemplo óbvio: o trânsito em são paulo. As pessoas saem de si e já virou o normal; a surpresa é quando se é gentil, se dá passagem, etc, não é?

    Não acho que ser firme e colocar limites (o que alíás é imprescindível para não nos auto-violentarmos!) seja ser agressivo... mas muitas pessoas usam da violência - física ou psicológica - para coloca-lo (o que considero na essência autoritarismo nas relações).

    Falando de pedagogia: passamos o modelo de agressividade ao ensinar e se torna quase impensável sobrevivermos sem ela... acho que fazer o teste no dia-a-dia prestando atenção para não usar nenhum tipo de violência trará uma nova perspectiva. Vamos conversando no caminho!

    Sobre mudar o sistema te pergunto: precisamos mudar o sistema para transformar as atitudes ou mudar as atitudes para transformar o sistema? :o)

    beijos

    ResponderExcluir
  3. Ju!

    Muito bacana fazer essa prática. Assim a gente consegue desvendar aquela grande surpresa que todo mundo tem ao saber que o Yôga é uma filosofia prática.

    Existe algo mais prático e científico (em alusão ao Sámkhya) do que a observação e experimentação? Deve-se entender que é a partir delas que se pode chegar a uma conclusão. Simplesmente, podemos deixar a vida passar e aprender pouco com ela. Até que ponto isso é válido? Infelizmente não cabe a nós discutir, já que muitos o fazem.

    É importante pensar, agora por uma via Shakta, de que talvez a auto-agressão seja potencialmente mais utilizada em relação à agressão ao próximo. É muito mais acessível agredir um ser que convive com você 24h por dia. Talvez seja mais difícil cortar as amarras convencionais e se deixar viver de acordo com a sua vontade do que aplicar a não-agressão a quem lhe rodeia.

    E quando falo em se deixar viver é importante colocar o limiar entre a sua liberdade e o ponto em que isso passa a ser agressão de quem lhe rodeia.

    Mais uma vez parabenizo a Instra. Júlia por conseguir mostrar de que essa filosofia vai muito além de ginastiquinha para terceira idade.

    ResponderExcluir
  4. Rafa querido, obrigada!

    Você captou exatamnete minha intenção com este blog. A prática é maravilhosa, uma delícia realmente... mas quando descobrimos o que há por trás delas ganhamos um universo inteiro.
    Sobre auto-agressão: concordo com você. A linha é muito tênue e se requer muito bom senso e swádhyáya (auto-estudo) para se conseguir respeitar a si mesmo e respeitar o outro. Muitos justamente utilizam como justificativa para a violência a questão das liberdades individuais... o que considero, em português claro, uma grande lorota. Dá pra ser correto e se fazer respeitar sem violência! Não estou dizendo que seja fácil... por isso minha propósta de laboratório neste post ;)

    Um forte abraço.

    ResponderExcluir